segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Aprender sobre finanças é divertido.

Imagem: Divulgação IG

Nathália Ilovatte, iG São Paulo
29/08 - 14:24hs


Adolescentes aprendem sobre finanças pessoais em gincanas no Money Camp
Você planeja seus gastos? Usa sua grana racionalmente? Se acha as questões chatas, saiba que tem jovens se divertindo com elas
                                                                           Enquanto o time laranja corria para levar água até os potes no canto da quadra com a ajuda de um balde furado, o time azul gritava para incentivar seu integrante que levava uma bolinha de isopor em uma colher segurada com à boca até os recipientes próximos à rede de vôlei. O time que terminasse primeiro tinha que correr para trocar de lugar com a equipe verde, que passava bolas de borracha coloridas que só podiam ser conduzidas com o pescoço, passando de pessoa para pessoa, até chegar ao prato que está no fim da fila.
Parecia gincana da aula de educação física, mas era o workshop de educação financeira que os alunos do 3º ano do Ensino Médio do Colégio Campos Salles, de São Paulo, tiveram na última semana. A princípio, eles voltaram para a escola no período da tarde porque foram “subornados” pela coordenação com alguns pontinhos que podem ajudar na média de matérias mais capciosas da grade curricular. Mas, quando chegaram à aula de finanças pessoais e Silvia deu início a uma brincadeira de pega-pega em que a pegadora tem de pular com os pés amarrados, a preguiça sumiu, dando lugar a um aprendizado cheio de brincadeiras e descontração. “Estranhei quando falaram pra vir com roupas que não atrapalham os movimentos, porque imaginei que seria uma palestra, uma coisa chata... Mas me surpreendi bastante e achei a aula muito legal”, disse o aluno Henrique Silva Pedroso, de 17 anos.

O workshop foi ministrado pela equipe do The Money Camp, uma ideia que nasceu há 10 anos nos Estados Unidos. Lá, o The Money Camp é um acampamento cujas atividades são voltadas para a educação financeira. Quando foi trazido para o Brasil, em 2006, passou por algumas adaptações. Aqui, não há um acampamento, a equipe vai a colégios e empresas para workshops ou para o curso continuado, que começa no Ensino Fundamental e acompanha o desenvolvimento do aluno. Mas, assim como no acampamento, tudo é ensinado de maneira divertida e com brincadeiras. “A educação financeira é feita de forma lúdica, com atividades vivenciais que possibilitam a troca de experiências. O método é próximo do construtivismo, pois o professor atua como um facilitador do tema”, explica Silvia Alambert, empresária que trouxe o The Money Camp para o Brasil.

Nas aulas, Silvia ensina às crianças e jovens que uma parcela de todo dinheiro recebido, como salário ou como mesada, por menor que seja, deve ser investida. E em alguns anos, é esse dinheiro investido que vai trabalhar para o seu investidor, que poderá passar longas férias em Acapulco, se dedicar à filantropia e curtir a vida da maneira que desejar. “É muito importante que vocês comecem a pensar na educação financeira de vocês anteontem. Na verdade, vocês já estão atrasados, porque tem uma galera começando aos seis anos e já investindo em ações”, disse Silvia aos alunos, no começo do workshop. “Acho que eles vão se aposentar e curtir a vida adoidado antes de vocês!”.



As noções de por que e como investir não são passadas aos alunos somente de maneira teórica. Foi o pega-pega do começo do workshop que mostrou isso aos jovens. Na brincadeira, uma das alunas, Bruna Lugli Rocha, de 16 anos, tinha que correr atrás de dez amigos para pegá-los, só que com os pés amarrados. Bruna representava o trabalhador, e os pés amarrados significavam a falta de liberdade para trabalhar só quando quiser e tirar umas folguinhas durante a semana para assistir a Sessão da Tarde. Já os meninos correndo livres pela sala eram o dinheiro que Bruna passava a vida correndo atrás. Quando finalmente conseguiu pegar um dinheirinho, ela investiu e, depois de algum tempo, pôde descansar enquanto o dinheiro corria atrás de mais dinheiro pelo auditório do colégio.



Depois de muitas risadas e um tombo de um dos ligeiros dinheirinhos de Bruna, Silvia explicou a brincadeira. “Quando Bruna ralava pra caramba, e trabalhava todos os dias, ela tinha renda adquirida”, ensinou. “Mas quando o dinheiro passou a trabalhar pelo trabalhador e fazer mais dinheiro, e a Bruna ficou só curtindo, porque se planejou para viver assim, ela começou a ter renda passiva”.



No workshop e no curso continuado, os alunos aprendem não só a importância de investir, mas também a fazer um planejamento, gastar com sabedoria, conquistar independência financeira e ser solidário. E para quem quiser começar a botar ordem nas finanças, a empresária e educadora financeira dá algumas sugestões:

- Pague-se primeiro. Antes de gastar qualquer dinheiro com contas e outras despesas, reserve 10% do que você recebeu para fazer algum investimento. “Você é quem mais merece ser pago”, diz;

- Administre sempre seu dinheiro com razão, não com emoção. “É quando agimos emocionalmente que cometemos os maiores erros”, explica. Por isso, nada de comprar por impulso! Ok, só um pouquinho...

- Seja disciplinado e crie bons hábitos com o seu dinheiro. “As pessoas pagam as contas e aí é que veem quanto sobrou. Então, acham que essa quantia representa uma merreca que não é digna de trabalhar por elas”, critica;

- Mesmo que seja tentador pedir o cartão de crédito do pai para parcelar aquele computador novo, pense que quem tem dinheiro, tem poder de barganha, e quem financia dá dinheiro para os outros por causa dos juros. Então, o melhor é economizar até ter dinheiro para pagar a vista, em vez de comprar a prazo;



- Se você não ganha mesada, peça aos seus pais que pensem sobre isso. “Quando os adolescentes percebem que é difícil esperar para receber dinheiro, valorizam mais o dos pais e gastam menos com supérfluos”, afirma Silvia;



- Empréstimos só são bons se servirem para trazer mais dinheiro para a sua vida;

- Faça sempre uma planilha de gastos;

- Na hora de comprar, pesquise preços e pense se aquele produto é realmente uma necessidade nesse momento da sua vida. Se ele for causar um baque na sua vida financeira, melhor comprá-lo depois, quando já tiver juntado mais dinheiro;

- Pense sobre o valor das coisas que você compra. Alguns tênis, por exemplo, têm um custo de produção de 55 dólares e são vendidos no Brasil por mais de 300 reais. Vale a pena pagar tanto por uma marca?

Fonte: http://jovem.ig.com.br/oscuecas/noticia/2010/08/29/adolescentes+aprendem+sobre+financas+pessoais+em+gincanas+no+money+camp+9575727.html





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