terça-feira, 27 de abril de 2010

Dinheiro Fala

Quando comecei a escrever este artigo eu pensei: “ O que as pessoas gostariam de ler sobre dinheiro que alguém já não tivesse escrito zilhões de vezes, mas de forma diferente?!”
Aí, então, lembrei-me das crianças que vem passando pelo programa Money Camp, das minhas próprias crianças, dos sobrinhos, das crianças de amigos e fui inspirada a partilhar isto com vocês.
 
A verdade aparente sobre o dinheiro é que ele tem uma linguagem própria e é muito simplista e, pra variar, em virtude das nossas crenças, pensamentos e atitudes é que nós, seres humanos adultos, complicamos tudo.
 
Temos tido contato com crianças e jovens de diferentes classes sociais e, como dinheiro, as crianças e jovens – independentemente do nível social – são muito simples e têm uma linguagem própria e, por isso, são muito objetivas.
 
Observo, então, que o dinheiro muito se assemelha a estas crianças e jovens. Veja bem:
 
- Imagine o seu salário e compare-o a um recém-nascido.

No caso do bebê ele fica lá quietinho.

O mesmo acontece com o seu recebimento ao ser depositado.

Depois de algumas horas você sabe que o bebê deverá ser alimentado (energia de troca).

No caso do seu recebimento, ele precisa circular e você começa a pagar as contas (energia de troca).

Só que, observe a inversão da energia de troca: no caso do bebê, nós o alimentamos e no caso do dinheiro, nós o reduzimos, quando o correto seria alimentá-lo, investindo parte do recebimento para que ele vá crescendo saudável.
 
Começou a complicação que nós mesmos causamos, mas vamos lá!
 
Passados alguns anos a criança se desenvolve saudável e cheia de energia porque sabemos que é assim que tem que ser para que continue se desenvolvendo. Às vezes ela cai e se machuca, se levanta, é cuidada e vai crescendo.

Com o dinheiro não deveria ser diferente: tal qual a criança, deveríamos fazê-lo desenvolver-se saudável e cheio de energia porque, no fundo, sabemos que é assim que tem que ser para que continue se desenvolvendo mas, ao invés disto, quando descuidamos e ele escorrega de nossa mão, muitas vezes perdemos o controle total sobre ele e, por alguns meses ( e às vezes anos) ele não nos reconhece mais.
 
E a criança se transforma em adolescente e, de repente, fica parecida com aquele dinheiro que escorregou de nossa mão: temos que ser fortes para não perdermos o controle e, por alguns anos, ficamos com a sensação que vamos enlouquecer e que essa fase nunca mais irá passar.
 
E o adolescente se transforma em um jovem adulto. “ Que bom!”, pensamos. “ Aquela fase tempestuosa passou.”
E o pensamento com relação ao dinheiro: “ Que bom! Aquele rombo financeiro acabou.”
Tal qual o jovem adulto, o dinheiro também necessita ser acompanhado de perto e orientado porque senão....lá estão eles novamente se rebelando.
 
Neste estágio o adulto diz: “ Ah, que saudade de quando ele era um bebê!” e os jovens - como o dinheiro, caso pudesse se expressar -  pensam: “ Ah, esses adultos!”.
 
Definitivamente, dinheiro fala.

Aprenda a linguagem do dinheiro.

segunda-feira, 19 de abril de 2010

É de pequeno que se conhece o dinheiro

Nosso aluno, Raul, 8 anos, foi entrevistado pelo Jornal da Tarde.
A educação financeira bem aplicada, desperta na criança o interesse, pois ela passa a entender que pode sonhar porque é possível realizar tudo o que ser quer na vida com base no planejamento.

É de pequeno que se conhece o dinheiro


Ensinar noções de finanças para as crianças é uma tarefa que começa cedo, com os pais
PAULO DARCIE, paulo.darcie@grupoestado.com.br



Raul, de 8 anos, embarcou a passeio para os Estados Unidos sexta-feira passada levando US$ 200 que ele mesmo juntou, economizando sua mesada. “Deixei de comprar brinquedos e outras coisas e guardei para usar na viagem”, conta o garoto, orgulhoso. Ele é uma das poucas crianças brasileiras que têm, na escola, aulas de educação financeira, e, segundo sua mãe, Mirza de Luca, começa a mostrar os resultados do estudo na vida prática de casa.

“Ele tem aulas desde os seis anos, e já pondera o que vale a pena comprar ou não e já entende que o dinheiro acaba”, diz ela. E ele não deixa por menos: “Minha mãe gastava muito no supermercado. Agora eu vou com ela e falo para comprar só o que precisa”.

A educação financeira não é disciplina obrigatória nas escolas brasileiras. Projeto de lei que prevê sua inclusão está parado no Congresso desde 2004. Apesar de ainda pouco difundida, pais e escolas vêm percebendo sua importância. Mas, dizem especialistas, não adianta deixar só nas mãos da escola: o exemplo vem de casa.

Para educadores financeiros, o ensino da matéria no Brasil está atrasado em relação a outros países, o que resulta em investidores e pais despreparados. “Há crianças que recebem mesada e não têm noção do que fazer com ela”, conta Silvia Alembert, coordenadora do instituto dedicado à educação financeira The Money Camp.

A falta de parâmetros em casa é o que pode levar crianças ao consumismo. “Ele começa no fim da adolescência, perto dos 18 anos, quando a pessoa começa a ter livre escolha, e é mais comum entre filhos de adultos consumistas”, afirma a psicóloga e coordenadora do Ambulatório de Transtornos do Impulso do Hospital das Clínicas, Tatiana Filomenski

Para o presidente do Instituto Disop de educação financeira, Reinaldo Domingos, educação financeira não se trata de apresentar termos do vocabulário econômico e ensinar a criança a calcular. “É uma busca por bons hábitos e costumes”, afirma. “Para isso é preciso que os educadores e pais estejam preparados para mostrar essas relações.”

O educador e autor de livros didáticos Alvaro Modernell recomenda o início das lições aos cinco ou seis anos. Nos primeiros anos, os conceitos devem ser percebidos pela criança em seu próprio universo. “Ela deve ter noção de que dinheiro acaba, e que é preciso ter antes de gastar”, afirma.

Depois dos dez anos, a criança deve ser instruída sobre a tomada de decisões, a distinguir o supérfluo do necessário, e a perceber as diferenças sociais, sempre priorizando a prática. “É hora de entender por que um colega tem um item e o outro não”, diz Tatiana.

Algumas escolas escolhem abordar o assunto em diferentes disciplinas, como língua portuguesa, geografia e matemática. Segundo Modernell, não é preciso grandes alterações no método. “Trocar Patinho Feio pela fábula da Cigarra e a Formiga, por exemplo, dá espaço para discutir a importância do trabalho”, sugere. Já outras preferem incluir a matéria como disciplina complementar, e adotam métodos como o The Money Camp ou o Disop, que também capacitam pais e professores por meio de palestras e oficinas. Sobre nova matéria, Raul garante: “Eu gosto e todo mundo gosta.”

sábado, 17 de abril de 2010

Alfabetização Financeira - Jornal Valor Econômico







Imagem: Dreamsimage


Mesada e finanças da família são as duas noções básicas
Jacilio Saraiva, para o Valor, de São Paulo

16/04/2010

Como criar filhos mais conscientes em relação ao dinheiro? A administração de uma mesada pode ajudar as crianças a cuidarem melhor das finanças no futuro? Quatro especialistas em educação financeira garantem que a mesada é uma iniciativa positiva, mas deve ser pontual e apresentada aos filhos a partir dos cinco anos de idade. Para manter o equilíbrio monetário no ambiente doméstico, os pais também devem evitar dívidas, planejar investimentos em poupança e previdência privada, além de manter conversas frequentes com os filhos sobre a real condição financeira da família. "É necessário quebrar o tabu de que não se conversa com criança sobre dinheiro", afirma a educadora financeira Silvia Alambert.

Para a especialista, a hora certa para falar de finanças com as crianças é quando elas começam a pedir "coisas". "A partir dos cinco anos, a criança vai ter uma percepção inicial sobre o dinheiro e já consegue realizar escolhas", diz. "Estará mais aberta a receber informações que poderão ser valiosas para o resto da vida."

Sílvia, que é diretora do The Money Camp Brasil, um programa de educação financeira que treinou mais de 2 mil jovens e crianças nos últimos quatros anos, acredita que o pagamento de mesada para os filhos é importante - mas a decisão depende de cada família.

"É uma ação positiva desde que os pais consigam transmitir conceitos de educação financeira e orientem as crianças sobre o uso do dinheiro", afirma. "A mesada permite que as crianças tenham contato com valores e sintam-se confortáveis com o seu manuseio, pois, ao crescerem, terão de lidar com esse assunto todos os dias."

De acordo com Sílvia, a mesada pode ser dada a partir dos cinco anos, com valores pequenos que aumentam à medida que a criança cresce. "Dessa forma, ela se sentirá responsável pelas próprias economias", diz. "A quantia não pode ser muito baixa a ponto de excluir a criança do seu grupo social, nem tão alta que o jovem não consiga realizar um esforço de planejamento para garantir objetivos maiores."

O importante, segundo ela, é que a oferta "caiba dentro do bolso da família" e passe a ser tratada como um acordo entre pais e filhos, com um dia marcado para o recebimento. "Caso contrário, se os pais quebrarem o trato, as crianças poderão entender as pessoas e o dinheiro como não confiáveis." (...)

Silvia diz que para criar filhos mais econômicos, deve-se mostrar a verdade sobre a condição financeira da família, conversar sobre como uma escolha poderá se refletir no futuro de todos e ainda apresentar a "logística" do dinheiro dentro de casa. Ela lembra que não é preciso que os pais digam quanto ganham, mas é importante não criar cenários falsos em relação à situação econômica familiar.

"Há pais que fazem contorcionismos para esconder momentos de dificuldade econômica ou, pior, só abrem o jogo quando a situação está à beira do precipício". Quando isso acontece, os filhos sentem-se enganados por terem sido excluídos de uma situação doméstica. "É necessário conversar sobre dinheiro. Os jovens têm uma percepção muito maior sobre o assunto do que os pais imaginam."

Além da mesada, os especialistas garantem que há outras formas de iniciar as crianças no caminho da educação financeira. "O uso dos cofrinhos para moedas também ajuda a criança a economizar", diz Domingos. "Os filhos precisam entender que, com o dinheiro guardado, poderão atingir objetivos da mesma forma que os adultos poupam para realizar seus planos."

Para o consultor de investimentos Márcio Nobre, os pais devem compartilhar com os filhos o orçamento da casa. "Esse assunto pode ser discutido e, se possível, até com a ajuda de uma planilha que mostre os gastos de energia, água e telefone", diz. "A economia é incentivada e deve ser explicado que, se as despesas continuarem altas, a mesada pode não ser mensal."

Os chefes da família precisam se organizar para pavimentar o futuro do casal e dos filhos. "O casal deve poupar parte dos ganhos para garantir despesas com estudos e com a aposentadoria". É recomendável, segundo ele, contribuir mensalmente com um plano de previdência privada, além de reservar uma economia para investir em renda fixa e variável - se o orçamento permitir. "Se não está sobrando nada para poupar, deve-se rever o orçamento doméstico para que sobre alguma coisa."

Para Nobre, entre as causas mais comuns de endividamento das famílias estão o hábito de não poupar e o incentivo desenfreado ao consumo. "Com a facilidade de crédito, o ato de gastar sem necessidade, apenas por causa de uma promoção ou pela facilidade de pagar em suaves prestações, leva ao acúmulo de contas", diz.

Quando a dívida for feita, é preciso eliminar primeiro as contas que cobram as taxas de juros maiores. Segundo pesquisa da Confederação Nacional do Comércio (CNC), a dívida mais comum é o cartão de crédito, com 72,5% do total das obrigações, seguido de carnês (27,4%) e financiamento de veículos (12,5%). "Por conta dos juros, as dívidas de cheque especial e de cartão de crédito devem ser evitadas a todo custo", diz Luiz Simões, professor da Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

Planos para reduzir gastos caseiros

Na casa da empresária Simone Freire, conversas sobre o uso consciente do dinheiro estão na pauta do dia desde que o filho mais novo tinha cinco anos. "O lema aqui é não ser perdulário, evitar a compra de roupas de marca e avaliar a necessidade de adquirir qualquer supérfluo", diz Simone, casada e mãe de Eduardo, 21 anos; Giovana, 15 e Giulia, nove anos. A estratégia tem dado certo. Giovana acaba de voltar de uma viagem "econômica" aos Estados Unidos e Eduardo vai trocar o seu primeiro carro somente com as economias que conseguiu acumular. Além de conversas frequentes, a educação financeira da família é estimulada por uma planilha de entradas e despesas.

Segundo Simone, os filhos só conseguiram receber mesada por iniciativa da avó, a partir de 2009. Ganham de R$ 50 a R$ 150 por mês, cada um. Para ajudá-los na administração do dinheiro, montou uma planilha com as entradas e gastos mensais. "Apesar de terem mais liberdade para usar o dinheiro que recebem, não podem comprar tudo o que veem pela frente."

O filho mais velho Eduardo, estagiário em um banco há dois anos, conseguiu economizar e pagou a metade do valor do primeiro carro com o próprio dinheiro. Agora, se prepara para comprar um modelo mais novo - e vai arcar sozinho com a troca.

Segundo a psicóloga Márcia Dolores Rezende, educar financeiramente as crianças é um convite para os pais reverem crenças em relação ao dinheiro e à forma de utilizar o recurso. "Pais saudáveis financeiramente também formarão filhos saudáveis", diz. "Ao mesmo tempo, pais com postura perdulária ou de comportamento mesquinho terão grandes chances de desenvolver nos filhos crenças limitantes em relação ao dinheiro e ainda comprometerem a educação financeira da família."

Simone e o marido, que trabalha na área de seguros, finalizam a construção de uma nova casa para a família. "Discutimos com as crianças desde o preço do papel de parede que vamos usar nos quartos até o modelo dos televisores", lembra. No início do ano, a filha do meio, Giovana, preferiu uma viagem de 14 dias à Disney a uma festa de 15 anos. Levou US$ 2 mil e conseguiu comprar presentes.

Para o educador financeiro Reinaldo Domingos, o controle das finanças pode ser feito com uma reunião familiar mensal ou bimestral. "É um bom começo para que as crianças saibam que o dinheiro é um objeto de troca e que as despesas de uma casa sejam conhecidas por todos", avalia. "Quando os filhos entram nesse processo desde cedo são capazes de fazer uso consciente do dinheiro e entendem que gastar mais poderá eliminar benefícios como um presente ou uma viagem de férias."

Segundo a educadora Sílvia Alambert, uma boa alternativa para controlar os gastos caseiros é fazer um plano de economia e gastos. "Com esse hábito, fica mais fácil visualizar onde está o excedente que não permite uma vida financeira tranquila e enxergar o ralo por onde o dinheiro está escoando."

Para o consultor financeiro Márcio Nobre, fazer uma força- tarefa com toda a família para economizar em gastos essenciais como luz, água e telefone também pode ajudar a manter o orçamento doméstico nos trilhos. "A educação financeira deveria ser uma matéria básica do ensino fundamental nas escolas." (J.S.)


quarta-feira, 14 de abril de 2010

Parece que foi ontem...

Image: Dreamstime

" Quem ama também educa financeiramente." - Silvia Alambert

Desde que a matéria abaixo saiu na edição da Veja há quase 9 anos, percebe-se que pouco se evoluiu com a educação financeira DOS JOVENS.

Os pais se preocupam em investir para garantir a educação dos filhos, mas eles se preocupam ou pensam no esforço dos pais para mantê-los? Infelizmente, parece que não, já que " A fatia dos jovens no universo dos inadimplentes cresce de forma assustadora: 10% deles têm até 20 anos e 39% têm idade entre 21 e 30 anos (sim, os balzaquianos também são considerados jovens nos dias de hoje). Juntos, os consumidores até 30 anos foram responsáveis por 49% dos calotes dados em 2006 junto a bancos, administradoras de cartão de crédito e financeiras. Em 2005, somaram 44%. Os dados foram divulgados pela Telecheque na quinta-feira 18. “Os jovens tiveram acesso ao crédito fácil demais nos últimos dois anos. Ficaram deslumbrados e perderam o controle”, diz José Antônio Praxedes, vice-presidente da Telecheque." Fonte: IstoÉ Independente - 24 de Janeiro de 2010

Papais e mamães, garantam que seus filhos tenham tudo de bom para o futuro que os aguarda, inclusive EDUCAÇÃO FINANCEIRA.

Quanto custa criar um filho, do berço ao diploma.

Vinte anos passam voando e muitos casais jovens já se planejam para custear as despesas futuras dos filhos.

Fernanda Colavitti e Carolina Botelho
Revista Veja - Edição Especial Novembro de 2001


Criar um filho numa família brasileira de classe média, do berçário até o diploma de faculdade, custa alguma coisa em torno de 320 000 reais. Na classe média alta, o custo passa dos 600 000 reais. Beira o 1 milhão de reais se o herdeiro for da classe alta. Esses são os números a que chegou o economista e consultor Mauro Halfeld, da Universidade Federal do Paraná, que fez o levantamento a pedido de VEJA Seu Investimento. Os resultados detalhados estão no quadro. Autor de Investimentos – Como Administrar Melhor Seu Dinheiro, Halfeld fez três simulações com um casal que cria e educa um filho, até a idade de 22 anos, quando obtém o diploma na faculdade. A cada item, como habitação, alimentação, transporte, despesas pessoais, saúde, vestuário e educação, foi atribuído um peso diferente.



Mais do que buscar a precisão absoluta do cálculo, o consultor paranaense procurou encontrar uma fórmula simples e objetiva para auxiliar os pais no planejamento do futuro de seus filhos. É o que muitos já estão fazendo, como o analista de sistemas Cláudio Hendo, 38 anos, e a agente de turismo Mari Yamaguchi, 28. Casados e residentes em São Paulo, eles separam 168 reais todo mês para uma conta especial em nome da filha, Larissa, de 1 ano e 2 meses. "Quando ela chegar aos 21 anos, terá dinheiro para pagar a faculdade e ajudar na pós-graduação no exterior", Mari calcula. Exagero de preocupação com o futuro? De maneira alguma. O casal Cláudio e Mari expressa bem a inclusão de um novo item no orçamento doméstico da família de classe média brasileira – a compra de um plano de previdência voltado para a educação dos filhos no futuro. Eles escolheram o Renda Total Júnior, lançado pela seguradora BrasilPrev, uma associação entre o Banco do Brasil e a empresa americana Principal Financial Group, um gigante internacional do setor. Em 2020, Larissa terá à disposição 100 114 reais, pois o dinheiro vai sendo aplicado como um fundo de investimento.



Mais precisamente, o Renda Total Júnior é um tipo de Plano Gerador de Benefícios Livres (PGBL), hoje a modalidade mais aceita de previdência privada no Brasil. Inicialmente concebido para a aposentadoria, o PGBL passou a atender sob medida os futuros doutores e bacharéis. As principais instituições do ramo têm produtos concorrentes, como a Bradesco Previdência, que oferece o Prev Jovem. O Unibanco AIG comercializa o Prever Kids, destinado a todas as pessoas que desejam presentear um filho, sobrinho, neto ou afilhado. No momento da aquisição do plano, escolhe-se a idade em que o menor começará a usufruir o Prever Kids e o período de recebimento da renda temporária no futuro, de quatro a seis anos. A contribuição mínima mensal do Prever Kids é de 80 reais. Para quem faz para mais de um membro da família, esse valor cai para 40 reais. Quanto maior a contribuição mensal, obviamente maior será o retorno no futuro. Depois de uma carência de 180 dias, o dinheiro pode ser tirado para uma emergência. Outras vantagens são a possibilidade de abatimento no imposto de renda e uma valorização superior à da caderneta de poupança, ao longo dos anos.



Esse é um bom caminho, particularmente para quem sonha alto com a educação dos pimpolhos, como a obtenção de um MBA (o diploma de Master in Business Administration, a pós-graduação que virou passaporte obrigatório para carreiras no mercado financeiro, marketing e em gestão empresarial). "Bancar o curso, a alimentação e a moradia é uma despesa alta e não sai por menos de 250 000 reais", afirma Ricardo Betti, consultor paulista que se especializou em assessorar candidatos que desejam obter um MBA.

Como base para chegar ao resultado final do quadro abaixo, o economista Mauro Halfeld usou a Pesquisa de Orçamentos Familiares 1998/1999, da Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas da Universidade de São Paulo (Fipe), que contabiliza os gastos anuais básicos, com alimentação, saúde, moradia, transporte, vestuário, educação e despesas pessoais, de 2 350 domicílios no município de São Paulo. Para as famílias com renda acima de 20 salários mínimos (que é o caso de todas as classes analisadas), a distribuição é a seguinte: habitação (28%), alimentação (14%), transportes (18%), despesas pessoais (14%), saúde (9%), vestuário (6%) e educação (11%). Como ajuste adicional, ele atribuiu ao filho 80% dos gastos com educação. A diferença foi deduzida na mesma proporção dos gastos com habitação e transportes. Halfeld levou em conta que as depesas com educação dentro da família são maiores para os filhos. Para efeito de uniformizar o resultado, a renda familiar foi mantida constante na projeção dos 22 anos, e o resultado final foi distribuído de acordo com a divisão estabelecida pela Fipe."

Classe Média
Renda Mensal da Família: R$ 3.600,00 a R$ 7.200
Habitação: R$ 64.680,00
Alimentação: R$ 42.000,00
Transporte: R$ 30.660,00
Despesas Pessoais: R$ 46.080,00
Saúde: R$ 29.400,00
Vestuário: R$ 18.120,00
Educação: R$ 89.460,00
Total: R$ 320.400,00

Classe Média Alta
Renda Mensal da Família: R$ 7.200,00 a R$ 10.800,00
Habitação: R$ 129.360,00
Alimentação: R$ 84.000,00
Transporte: R$ 61.320,00
Despesas Pessoais: R$ 92.280,00
Saúde: R$ 58.800,00
Vestuário: R$ 36.240,00
Educação: R$ 178.920,00
Total: R$ 640.920,00

Classe Alta
Renda Mensal da Família: acima de R$ 10.800,00
Habitação: R$ 194.040,00
Alimentação: R$ 126.000,00
Transporte: R$ 91.980,00
Despesas Pessoais: R$ 139.200,00
Saúde: R$ 88.200,00
Vestuário: R$ 54.360,00
Educação: R$ 268.380,00
Total: R$ 962.160,00



domingo, 4 de abril de 2010

As 15 Regras que As Crianças Deveriam Saber Sobre Dinheiro

Imagem: ivanerix.zip.net

Por JEFF D. OPDYKE

Tradução: Silvia Alambert

Crianças e dinheiro: um cálculo simples. Do nascimento até a formatura da Faculdade, crianças consomem tanto dinheiro quanto consomem nuggets.

Para aqueles de nós que ainda nem alcançamos a nossa independência financeira, fica parecendo que não tem fim. A demanda financeira necessária para se educar um filho requer dinheiro que talvez você pensasse em guardar para se preparar para a aposentadoria ou para comprar uma casa mais legal ou “ aquele” carro esportivo ou aquelas férias suntuosas e que deverá – fora o que é necessidade – ser substituído por conjuntos de Legos, visitas ao pediatra e uniformes escolares e brinquedos de Natal e uma poupança para a Faculdade e uma minivan e uma viagem à Disney....e muitos, mas muitos nuggets.

Não estou menosprezando as crianças. Eu mesmo tenho 2 e o dinheiro não é nada comparado a alegria que eles trazem a mim e à minha esposa, mas, independentemente da felicidade, não vamos negar o fato do momento da chegada de uma criança – nem mesmo os meses anteriores à chegada deles – que seu papel enquanto adulto muda drástica e profundamente.

E com a mudança, transforma-se, também, a vida financeira da família.

Ensine Bem Suas Crianças

1. Somente gaste dinheiro DEPOIS que você ganhá-lo.

2. Quando seus filhos começarem a pedir para ir comprar brinquedos, comece a considerar a introdução de uma mesada.

3. O valor da mesada não deve ser tão baixo a ponto de sua criança se sentir excluída do grupo ao qual pertence e nem tão alto a ponto dela poder adquirir qualquer coisa sem o mínimo de esforço e planejamento.

4. Tirar boas notas é o esperado e ajudar em casa é a prática para um bom convívio familiar e nada tem a ver com remuneração. (A mesada não se aplica a isso)

5. Se 16 anos é a idade legal para se começar a trabalhar, encoraje-os aos 13 e leve-os a pensar sobre como poderão arrumar meios de obterem uma renda.

6. Oriente e aconselhe seus filhos sobre dinheiro. Não imponha sobre o que devem fazer.

7. Exceder o saldo do cartão que você lhe confiou significa perder o acesso ao cartão por uma semana ou mais. Extrapolar de novo com o cartão que você lhe confiou, significa perda do cartão até que o saldo excedente do cartão seja quitado(*se o limite era de R$ 100,00 e ele comprometeu R$ 200,00...um mês sem cartão - e no caso de ser um cartão adicional. Há cartões com limites pré-estabelecidos: acabou. Acabou).

8. Somente 50% do que foi poupado no porquinho deverá ser utilizado para comprar coisas. Os outros 50% devem permanecer no porquinho.

9. As crianças devem ter o direito de quebrar financeiramente para não repetirem o erro. (* Dê algum dinheiro a eles e observe o movimento. Retome a regra #6)

10. Quando chegar o momento de ensiná-las a investir em ações, os jovens devem entender uma Empresa em um nível básico, a ponto de saberem quem são os gestores, quem são os clientes, quais as estratégias para crescimento, onde está e onde pretende estar no futuro.

11. Você não precisa ser rico para começar a conversar com seus filhos sobre mercado de ações (*deve, no mínimo, entender o que é e porque isto poderá ser interessante para ele no longo prazo).

12. Ensine a importância da doação (*e não é somente sobre dinheiro).

13. Os pais não deveriam " se matar" financeiramente para pagar pelas despesas da Faculdade de seus filhos (caso não tenham realizado nenhum tipo de planejamento para isso)(* A questão cultural aqui tem um peso muito grande, já que no Brasil a maioria das " crianças" só vai para o mercado após se graduarem no Ensino Superior e o sentimento de culpa dos pais que, por alguma eventualidade, não podem " bancar" a faculdade do filho tem um peso muito significativo. Os americanos são menos críticos e crêem que, nesta idade, o filho já possa e deva estar em vida produtiva com, no mínimo, a responsabilidade de poder dar continuidade aos seus estudos e, sem dúvida alguma, como aqui no Brasil, há exceções a se considerar.)

14. Um dos maiores presentes que você poderá deixar ao seu filho é a sua própria auto suficiência financeira quando estiver mais velho.

15. Deverá haver uma hora em que os pais devem avisar aos filhos que o “Banco do Papai e da Mamãe” encerrou as atividades (* e não deveria ser aos 30 anos de idade).

Agora você não está somente "encostado na parede" pela questão da demanda financeira pelas próximas duas décadas com relação a educar filhos, como também tem uma nova obrigação que é a de ensiná-los sobre finanças pessoais, de forma que ele possa se transformar em um adulto tranqüilo e bem relacionado com o próprio dinheiro. Vocês, pais, são os primeiros modelos e o link mais essencial no processo de aprendizagem de suas crianças.

Um monte de coisas para Ensinar

Eu sei que o dinheiro parece ser uma coisa simples e que parece que não tomará muito de seu tempo para ensinar sobre isto. Afinal de contas, você já sabe sobre isso há algum tempo e já aprendeu a ganhá-lo, no mínimo, há alguns anos. O que tem mais para aprender sobre isso, de fato? E o que mais você realmente precisa saber para passar o conhecimento aos seus filhos que você ainda desconheça? Bem, se estatísticas forem um indicador….ainda tem muito.

Em uma pesquisa realizada pela Jump$tart - uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo a difusão da educação financeira pessoal - para medir o quanto os jovens do Ensino Médio entendiam sobre finanças pessoais, descobriram que menos de 10% dos entrevistados sabiam responder satisfatoriamente sobre questões financeiras pessoais; muitos não tinham nem idéia de como se fazia o balanço de um canhoto de cheques e a maioria - mais da metade dos alunos - seria reprovada se educação financeira pessoal fizesse parte do currículo escolar.

Ainda que a educação financeira pessoal seja claramente uma necessidade na vida das pessoas, isto não significa que seu filho deva ter um M.B.A. em análise de risco ou que você terá que contratar um consultor financeiro para ministrar cursos a ele, mas é óbvio que as crianças necessitarão de melhores informações para que possam gerenciar seus próprios recursos financeiros no futuro.

Crianças tem uma capacidade infinita de ouvir o que seus pais dizem - mesmo naqueles momentos em que estamos convictos de que eles não estão ouvindo nada do que estamos falando. Além disso, há o conceito de que você está “repetitivo demais” e poderá não ser compreendido na primeira vez ou na terceira ou na oitava, mas terá um momento , talvez lá pela enésima vez ou talvez em um dos muitos momentos em que você colocará a questão, que seu filho irá entender quase como por um milagre o que você está dizendo.

Claro, pode ser que você nem perceba qual é o momento, mas ainda assim você saberá.

Voltando de um jogo de futebol de meu filho há um ano atrás ou mais, estávamos eu, ele e um amigo, quando passou por nós um carro esportivo Italiano a não sei quanto por hora. O amigo de meu filho falou: “ Wow, aquele cara é rico.”

Meu filho, envolto com um desses games, rapidamente olhou pela janela e reflexivo comentou, “ Não é o quanto de dinheiro que você gasta que o torna uma pessoa rica. Você não sabe; aquele cara pode ter usado todo o dinheiro dele só para comprar aquele carro e não ter mais nada. Aí, pode ser que ele não seja rico.”

Nesta situação, ocasionalmente, ele foi conversando com o amigo sobre a definição de riqueza sem ter que pensar muito sobre o que ele estava falando e as palavras fluíam naturalmente.

Ele provou que mamãe e papai realmente podem fazer a diferença ao transmitir sempre um pouco de conhecimento financeiro às suas crianças. É como usar um conta gotas. Ele foi recebendo pequenas doses destas informações desde pequeno, mas sempre.

Deixe uma Boa Primeira Impressão

Crianças são mais influenciadas quando são menores e é pouco provável que tenham algum tipo de informação desta ordem fora do ambiente familiar.

Não é dizer que você não consiga modificar hábitos ou crenças que eles tenham, mas ao atingirem a adolescência, suas mensagens já não terão tanta influência e impacto.

Basicamente, o objetivo não é moldar as crianças a somente pensarem sobre a questão financeira e riqueza. É educá-las para que sejam adultos cuidadosos com suas finanças e que saibam gerenciar confortavelmente os vários aspectos de suas vidas com relação ao dinheiro: seja gastando, poupando, investindo ou doando.

Pode ser que seu filho venha a acumular riqueza. Pode ser que não. Mas a verdadeira medida de seu sucesso nesta empreitada é a de que seu filho, quando adulto, nunca venha a ter problemas em compreender quais são as bases das finanças pessoais.

Este será - sem nenhuma margem de dúvida - o grande legado que você deixará. Melhor do que qualquer herança que você possa vir a deixar.

Adaptado de parte do livro "Piggybanking: Preparing Your Financial Life for Your Kids, and Your Kids for a Financial Life." Copyright 2010 by Jeff D. Opdyke. Published by Harper Business, an imprint of HarperCollins Publishers. )
Escrito por Jeff D. Opdyke at jeff.opdyke@wsj.com

(*) Comentário de Silvia Alambert, educadora financeira, diretora executiva The Money Camp Brasil - Educação financeira de crianças e jovens.