domingo, 4 de abril de 2010

As 15 Regras que As Crianças Deveriam Saber Sobre Dinheiro

Imagem: ivanerix.zip.net

Por JEFF D. OPDYKE

Tradução: Silvia Alambert

Crianças e dinheiro: um cálculo simples. Do nascimento até a formatura da Faculdade, crianças consomem tanto dinheiro quanto consomem nuggets.

Para aqueles de nós que ainda nem alcançamos a nossa independência financeira, fica parecendo que não tem fim. A demanda financeira necessária para se educar um filho requer dinheiro que talvez você pensasse em guardar para se preparar para a aposentadoria ou para comprar uma casa mais legal ou “ aquele” carro esportivo ou aquelas férias suntuosas e que deverá – fora o que é necessidade – ser substituído por conjuntos de Legos, visitas ao pediatra e uniformes escolares e brinquedos de Natal e uma poupança para a Faculdade e uma minivan e uma viagem à Disney....e muitos, mas muitos nuggets.

Não estou menosprezando as crianças. Eu mesmo tenho 2 e o dinheiro não é nada comparado a alegria que eles trazem a mim e à minha esposa, mas, independentemente da felicidade, não vamos negar o fato do momento da chegada de uma criança – nem mesmo os meses anteriores à chegada deles – que seu papel enquanto adulto muda drástica e profundamente.

E com a mudança, transforma-se, também, a vida financeira da família.

Ensine Bem Suas Crianças

1. Somente gaste dinheiro DEPOIS que você ganhá-lo.

2. Quando seus filhos começarem a pedir para ir comprar brinquedos, comece a considerar a introdução de uma mesada.

3. O valor da mesada não deve ser tão baixo a ponto de sua criança se sentir excluída do grupo ao qual pertence e nem tão alto a ponto dela poder adquirir qualquer coisa sem o mínimo de esforço e planejamento.

4. Tirar boas notas é o esperado e ajudar em casa é a prática para um bom convívio familiar e nada tem a ver com remuneração. (A mesada não se aplica a isso)

5. Se 16 anos é a idade legal para se começar a trabalhar, encoraje-os aos 13 e leve-os a pensar sobre como poderão arrumar meios de obterem uma renda.

6. Oriente e aconselhe seus filhos sobre dinheiro. Não imponha sobre o que devem fazer.

7. Exceder o saldo do cartão que você lhe confiou significa perder o acesso ao cartão por uma semana ou mais. Extrapolar de novo com o cartão que você lhe confiou, significa perda do cartão até que o saldo excedente do cartão seja quitado(*se o limite era de R$ 100,00 e ele comprometeu R$ 200,00...um mês sem cartão - e no caso de ser um cartão adicional. Há cartões com limites pré-estabelecidos: acabou. Acabou).

8. Somente 50% do que foi poupado no porquinho deverá ser utilizado para comprar coisas. Os outros 50% devem permanecer no porquinho.

9. As crianças devem ter o direito de quebrar financeiramente para não repetirem o erro. (* Dê algum dinheiro a eles e observe o movimento. Retome a regra #6)

10. Quando chegar o momento de ensiná-las a investir em ações, os jovens devem entender uma Empresa em um nível básico, a ponto de saberem quem são os gestores, quem são os clientes, quais as estratégias para crescimento, onde está e onde pretende estar no futuro.

11. Você não precisa ser rico para começar a conversar com seus filhos sobre mercado de ações (*deve, no mínimo, entender o que é e porque isto poderá ser interessante para ele no longo prazo).

12. Ensine a importância da doação (*e não é somente sobre dinheiro).

13. Os pais não deveriam " se matar" financeiramente para pagar pelas despesas da Faculdade de seus filhos (caso não tenham realizado nenhum tipo de planejamento para isso)(* A questão cultural aqui tem um peso muito grande, já que no Brasil a maioria das " crianças" só vai para o mercado após se graduarem no Ensino Superior e o sentimento de culpa dos pais que, por alguma eventualidade, não podem " bancar" a faculdade do filho tem um peso muito significativo. Os americanos são menos críticos e crêem que, nesta idade, o filho já possa e deva estar em vida produtiva com, no mínimo, a responsabilidade de poder dar continuidade aos seus estudos e, sem dúvida alguma, como aqui no Brasil, há exceções a se considerar.)

14. Um dos maiores presentes que você poderá deixar ao seu filho é a sua própria auto suficiência financeira quando estiver mais velho.

15. Deverá haver uma hora em que os pais devem avisar aos filhos que o “Banco do Papai e da Mamãe” encerrou as atividades (* e não deveria ser aos 30 anos de idade).

Agora você não está somente "encostado na parede" pela questão da demanda financeira pelas próximas duas décadas com relação a educar filhos, como também tem uma nova obrigação que é a de ensiná-los sobre finanças pessoais, de forma que ele possa se transformar em um adulto tranqüilo e bem relacionado com o próprio dinheiro. Vocês, pais, são os primeiros modelos e o link mais essencial no processo de aprendizagem de suas crianças.

Um monte de coisas para Ensinar

Eu sei que o dinheiro parece ser uma coisa simples e que parece que não tomará muito de seu tempo para ensinar sobre isto. Afinal de contas, você já sabe sobre isso há algum tempo e já aprendeu a ganhá-lo, no mínimo, há alguns anos. O que tem mais para aprender sobre isso, de fato? E o que mais você realmente precisa saber para passar o conhecimento aos seus filhos que você ainda desconheça? Bem, se estatísticas forem um indicador….ainda tem muito.

Em uma pesquisa realizada pela Jump$tart - uma organização sem fins lucrativos que tem como objetivo a difusão da educação financeira pessoal - para medir o quanto os jovens do Ensino Médio entendiam sobre finanças pessoais, descobriram que menos de 10% dos entrevistados sabiam responder satisfatoriamente sobre questões financeiras pessoais; muitos não tinham nem idéia de como se fazia o balanço de um canhoto de cheques e a maioria - mais da metade dos alunos - seria reprovada se educação financeira pessoal fizesse parte do currículo escolar.

Ainda que a educação financeira pessoal seja claramente uma necessidade na vida das pessoas, isto não significa que seu filho deva ter um M.B.A. em análise de risco ou que você terá que contratar um consultor financeiro para ministrar cursos a ele, mas é óbvio que as crianças necessitarão de melhores informações para que possam gerenciar seus próprios recursos financeiros no futuro.

Crianças tem uma capacidade infinita de ouvir o que seus pais dizem - mesmo naqueles momentos em que estamos convictos de que eles não estão ouvindo nada do que estamos falando. Além disso, há o conceito de que você está “repetitivo demais” e poderá não ser compreendido na primeira vez ou na terceira ou na oitava, mas terá um momento , talvez lá pela enésima vez ou talvez em um dos muitos momentos em que você colocará a questão, que seu filho irá entender quase como por um milagre o que você está dizendo.

Claro, pode ser que você nem perceba qual é o momento, mas ainda assim você saberá.

Voltando de um jogo de futebol de meu filho há um ano atrás ou mais, estávamos eu, ele e um amigo, quando passou por nós um carro esportivo Italiano a não sei quanto por hora. O amigo de meu filho falou: “ Wow, aquele cara é rico.”

Meu filho, envolto com um desses games, rapidamente olhou pela janela e reflexivo comentou, “ Não é o quanto de dinheiro que você gasta que o torna uma pessoa rica. Você não sabe; aquele cara pode ter usado todo o dinheiro dele só para comprar aquele carro e não ter mais nada. Aí, pode ser que ele não seja rico.”

Nesta situação, ocasionalmente, ele foi conversando com o amigo sobre a definição de riqueza sem ter que pensar muito sobre o que ele estava falando e as palavras fluíam naturalmente.

Ele provou que mamãe e papai realmente podem fazer a diferença ao transmitir sempre um pouco de conhecimento financeiro às suas crianças. É como usar um conta gotas. Ele foi recebendo pequenas doses destas informações desde pequeno, mas sempre.

Deixe uma Boa Primeira Impressão

Crianças são mais influenciadas quando são menores e é pouco provável que tenham algum tipo de informação desta ordem fora do ambiente familiar.

Não é dizer que você não consiga modificar hábitos ou crenças que eles tenham, mas ao atingirem a adolescência, suas mensagens já não terão tanta influência e impacto.

Basicamente, o objetivo não é moldar as crianças a somente pensarem sobre a questão financeira e riqueza. É educá-las para que sejam adultos cuidadosos com suas finanças e que saibam gerenciar confortavelmente os vários aspectos de suas vidas com relação ao dinheiro: seja gastando, poupando, investindo ou doando.

Pode ser que seu filho venha a acumular riqueza. Pode ser que não. Mas a verdadeira medida de seu sucesso nesta empreitada é a de que seu filho, quando adulto, nunca venha a ter problemas em compreender quais são as bases das finanças pessoais.

Este será - sem nenhuma margem de dúvida - o grande legado que você deixará. Melhor do que qualquer herança que você possa vir a deixar.

Adaptado de parte do livro "Piggybanking: Preparing Your Financial Life for Your Kids, and Your Kids for a Financial Life." Copyright 2010 by Jeff D. Opdyke. Published by Harper Business, an imprint of HarperCollins Publishers. )
Escrito por Jeff D. Opdyke at jeff.opdyke@wsj.com

(*) Comentário de Silvia Alambert, educadora financeira, diretora executiva The Money Camp Brasil - Educação financeira de crianças e jovens.





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