segunda-feira, 17 de outubro de 2011

Filho, você é quem manda.


Imagem: dreamstime.com


Pesquisa mostra que crianças preferem ir às compras do que brincar
Pequenos influenciam no consumo dos pais

12.10.2011
Atualizado em 12.10.2011 - 14:12
Ayeska Azevedo
Redação CORREIO
ayeska.azevedo@redebahia.com.br



Neste Dia das Crianças, o que seu filho pediu para fazer? Ir com você às compras no shopping? Pois saiba que esse é o programa favorito de 56,8% das crianças de Salvador, que preferem ir às compras com um adulto a ficar em casa brincando. Os dados são da pesquisa do Instituto Futura em parceria com o CORREIO sobre a influência das crianças nas compras da família. O estudo, realizado entre 30 de agosto e 3 de setembro, ouviu 601 pais ou parentes de crianças com idade entre 2 e 12 anos na cidade.
 
A pesquisa aponta que 31,7% das crianças da capital baiana vão sempre às compras com os pais, sendo que 44,6% delas sempre ou quase sempre ajudam a decidir sobre o que se compra para elas.
 
“Hoje, as crianças decidem várias coisas dentro de casa. Da cor do carro da família à cor da tinta da parede, elas influenciam nas escolhas dos adultos. E se os pais não fazem a vontade, elas batem o pé, fazem bico. É liberdade demais”, analisa a educadora financeira Sílvia Alambert.
 
Na opinião de Sílvia, os atuais padrões de educação permitem que a criança tenha muito poder. “Hoje elas fazem escolhas que os pais não puderam fazer na própria infância. A geração anterior foi privada de participar das decisões da família, não tinha poder de escolha”, observa.
 
Estresse Para Isaura Moreno, ir às compras com o filho João Pedro, que acaba de completar 4 anos, é sempre motivo de estresse. “Ele pega tudo que vê pela frente e coloca no carrinho. Na hora de pagar, é sempre um drama, mas eu nunca levo tudo o que ele quer. Se for algo que estava na lista, deixo ele escolher um e levo, mas brinquedo, só se for baratinho”, conta Isaura.
 
João Pedro também adora os personagens que vê na TV. “Ele até mudou a marca da pasta de dente, só porque lançaram uma com outro personagem. Mas, se o preço for exorbitante, eu não levo”.
 
Na opinião de Sílvia Alambert, a criança tem o direito de querer tudo, mas o poder de compra cabe mesmo aos pais. “Quem vai às compras com o filho não vai conseguir fazer as compras em paz, vai gastar mais do que planejou e comprar coisas que não precisa. Mas é importante lembrar que só os pais têm o poder de educar uma criança financeiramente equilibrada ou um consumista”, pontua.
 
Bairros

A Pituba desponta na pesquisa como o bairro em que 100% das crianças costumam ir sempre às compras junto com os adultos, enquanto 50% das crianças do Rio Vermelho nunca acompanham os pais nas compras. Já os baixinhos que moram na Barra são os que mais ajudam a decidir o que se compra para a casa, com 50% opinando sempre neste quesito. Mas são as crianças de Itapagipe (63,6%) as que menos influenciam nas decisões de compras para a casa.

Em compensação, 50% das crianças da Barra nunca decidem o que os pais compram para elas, mesmo percentual encontrado no bairro de Cajazeiras no que se refere a esse item. Entre as crianças que mais são influenciadas pelos personagens nas embalagens na hora de compra estão as que moram em Itapagipe (54,5%). Já os pequenos que moram em Cajazeiras (75%) são mais seduzidos pelas cores dos produtos e das embalagens.

‘Elas estão carentes’

Na opinião da educadora financeira Sílvia Alambert, por trás do comportamento consumista das crianças pode estar escondida uma carência da presença dos pais. “Acredito que há duas coisas em paralelo nesse caso. Uma delas é que muitas crianças associam que toda saída com os pais é para comprar e a outra questão é que, para elas, ficar em casa é sinônimo de ficar em frente a TV, ao videogame ou ao computador, mas elas querem passar mais tempo com a família”.

Nesse caso, a pedagoga Sílvia Alambert acredita que a opção de ir às compras com o adulto é um passaporte para ficar mais tempo em família. “As crianças de hoje em dia estão muito carentes, independentemente de faixa etária e classe social. Atualmente, os pais têm pouco tempo para estar com os filhos, e as crianças sabem que se forem às compras com os pais, no final pode aparecer a oportunidade para algo mais, como tomar um sorvete ou comer uma pizza”, observa.

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