Fonte: Jornal Diároweb
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Guilherme Baffi É a partir da infância que o trato com o dinheiro vai moldar como o adulto vai lidar com esse bem tão valioso. Por isso, a educação financeira deve ser inserida na vida das crianças logo cedo. A educadora financeira Silvia Alambert, da The Money Camp, afirma que o assunto deve ser tratado com naturalidade e não como uma obrigação. Mais que isso, se o dinheiro for visto como motivo de tristeza pode causar graves consequências na vida adulta. “Essas crenças que a gente carrega têm grande interferência no modo como fazemos dinheiro ao longo da vida. ” Isso quer dizer que a criança pode se transformar num adulto que sabe administrar seus recursos ou em um que gasta além de conta e vive em meio a dívidas. O assunto dinheiro pode entrar na vida de uma pessoa a partir dos 3 anos ou 4 anos. Nessa fase, o ideal é que a criança passe a ter contato com o dinheiro, possa manuseá-lo e o utilize para alguns pagamentos. Segundo Silvia, embora não haja uma compreensão profunda, a criança já passa a absorver algumas noções. “Ela pega o produto, paga com dinheiro, recebe um troco”, afirma. Outro exercício interessante e que funciona como aprendizado é pegar as moedas que recebeu de troco para guardar no cofrinho. “A criança passa a entender que parte do dinheiro a gente gasta e parte a gente guarda”, diz. Segundo Silvia, o dinheiro é visto pela criança como uma ferramenta de troca. Ela entende que a moeda é um instrumento que a faz obter coisas. Em função disso, é necessário que aprenda desde cedo que o dinheiro só serve para alcançar sonhos, é um meio na vida e não uma finalidade única. “A conversa entre pai e filho deve ser natural, conforme a situação vai acontecendo. O papo não pode se tornar chato para que a criança nunca mais queira tocar no assunto e passe a administrá-lo de qualquer jeito.” Depois do contato inicial com moedas e cédulas, entra a etapa de os pais discutirem desejos e necessidades dos filhos e isso ocorre à medida que as crianças vão crescendo. Mais uma vez, o diálogo entra em cena e as crianças devem ser questionadas sobre o que querem gastar naquele momento porque pode surgir outro desejo na semana, mais caro. “É preciso discutir se não é melhor esperar e fazer uma escolha entre os dois”, ensina. Mesada A ferramenta mais importante da educação financeira das crianças, a mesada, pode entrar na vida da criança a partir dos 5 anos. Silvia explica que ela é fundamental porque só quem tem dinheiro pode administrá-lo. Mas, nessa fase, ela ainda é semanada, já que um mês é um prazo muito longo para ser entendido por crianças dessa faixa etária. O valor da semanada deve ser decidido de acordo com o orçamento da família e adequado à idade. Uma sugestão está na faixa de R$ 5 a R$ 10. “Uma criança de cinco anos não tem grandes necessidades, mas ela sempre quer um docinho, uma figurinha, um álbum”, diz. A ideia da semanada ou mesada é para ensinar a criança que ela tem de administrar o dinheiro durante esse período e que, se acabar, acabou. Vai ser preciso esperar a data estipulada pelos pais para o próximo recebimento. Nesse sentido, duas premissas são fundamentais aos pais: cumprir o que foi acordado e não falhar, dizendo que naquela semana ele não tem dinheiro e, do mesmo modo, não ceder e dar mais dinheiro se a criança pedir. Segundo Silvia, se a criança pedir mais, o pai deve dizer de forma simples que as pessoas não têm dinheiro a toda a hora, que ele não acontece de forma mágica e que os adultos também têm um dia em que recebem, assim como o acordo feito entre os dois. E, se a criança receber a mais, ela terá a sensação de que tem facilidade de crédito. “A criança precisa entender que o dinheiro mal administrado acaba. A maioria dos adultos se enrola porque pede empréstimos a toda hora”, afirma. Aos 9 já dá para administrar a mesada A partir dos 9 anos, afirma Silvia Alambert, a criança já tem total capacidade de administrar uma mesada. Novamente, o valor vai ser determinado de acordo com as condições da família, mas ele não deve ser tão baixo que exclua a criança do meio social em que vive e nem tão alto que não a permita se planejar para conseguir seus sonhos. Nessa idade, as necessidades da criança mudam. Ela passa a querer sair com amigos para passeios no shopping e lanches com a turma. O dinheiro que o pai usava para pagar essas despesas deve ser entregue à criança. Agora vem uma dica interessante e que pode até causar estranheza: o pai deve deixar a criança quebrar financeiramente no começo para que ela possa sentir que é ruim ficar sem dinheiro. “Com isso, ela tem a real percepção de que se não administrar bem o dinheiro, fica sem”, afirma. A educadora afirma que essa experiência de falência faz com que a criança passe a lidar melhor com o dinheiro, principalmente se já vinha recebendo os ensinamentos anteriormente. As chances de quebrar novamente caem e as de ter sobra aumentam. “A criança tem uma percepção grande. Rapidamente entende que se acabou, magoou.” Silvia dá um exemplo de como a percepção infantil é sólida. Um de seus alunos queria tomar café da manhã todos os dias na padaria quando o dinheiro era da mãe. Quando ela passou a entregar o dinheiro a ele, a padaria ficou sem graça. Hoje, ele usa o dinheiro com coisas que julga mais interessante. Também não fica quebrado financeiramente porque já aprendeu que é bom gastar um pouco e guardar um pouco. Conta no banco A abertura de uma conta bancária para a criança deve ocorrer, se possível, antes mesmo de seu nascimento. Essa reserva ajuda os pais a conduzir a criação e educação do filho. Quando a decisão é na infância, segundo Silvia, o fundamental é que os pais tenham paciência para educar o filho financeiramente. Isso pode ocorrer aos dez anos, com uma conta poupança. “A criança vai movimentar com auxílio dos pais. Ela não fica com o cartão porque ainda não discernimento e pode perdê-lo”. A entrada do cartão de crédito na vida da pessoa não deve ocorrer antes dos 15, 16 anos. Nessa idade, o adolescente já tem mais responsabilidades na vida e pode começar a manusear e aprender a utilização o cartão de crédito. Embora esteja havendo a substituição pelo dinheiro de plástico, é mais fácil gastar o que não se vê, afirma Silvia. “O cartão engana o cérebro e a pessoa acha que o limite disponível é seu dinheiro.” Famílias tentam educar os filhos A educação financeira das crianças da família Masocatto Andrade Pereira começou cedo. Thales, 9 anos, David, 7, e Caio, 5, já têm seus cofrinhos e administram suas semanadas, cada um a sua maneira e de acordo com a faixa etária. A mãe, Ana Masocatto Andrade, conta que os filhos recebem R$ 10 por semana. “O assunto entrou na vida deles quando eles começaram a pedir coisas. Entendemos que era hora de ensinar que era preciso poupar para conseguir”, afirma. Como ainda não têm muito cuidado com o dinheiro, a mãe montou a estratégia de pagar e descontar o débito do saldo cada um. “Eles não gastam muito, gostam de guardar. É impressionante como as crianças têm a capacidade de aprender.” Para David, o dinheiro é o que o ajuda a comprar as coisas que quer. Hoje, tem R$ 200 guardados. Faltam apenas R$ 39 para comprar o brinquedo que deseja no Natal. “Gosto de comprar brinquedos e livros.” Perfis diferentes Na casa de Ana Laura Zanardi Anunciação, 8 anos, e Victor Hugo, 13, a educação financeira começou cedo para evitar que fossem enganados. “Desde pequenos eles já conheciam as notas, sabiam distinguir os valores e tinham noção de troco”, explica a mãe, Marisa Zanardi. Ela conta com os dois filhos têm perfis bastante diferentes. Ana Laura é a econômica, tanto que já juntou mais de R$ 1 mil. “Ainda não sei como vou gastar o dinheiro, mas estou guardando e fico feliz em juntar”, afirma. Victor Hugo é mais consumista. Seus principais desejos são relacionados ao esporte predileto, o tênis, e acessórios para o celular. Mesmo assim, procura não extrapolar. “Se acaba a mesada, fico sem dinheiro e espero receber”. |
Este é um blog para todos os pais ( e futuros pais)que se preocupam com a educação financeira de seus filhos e que sabem que o dinheiro é uma ferramenta para se alcançar sonhos, é meio e não um fim e que educar seus filhos financeiramente é prepará-los para um encontro com a vida real.
domingo, 30 de outubro de 2011
Pais podem ensinar os filhos como administrar o dinheiro
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