quinta-feira, 4 de março de 2010

Eu Sei o que Você fez com Seu Cartão de Crédito no Verão Passado

Não. Não é filme de terror. Aliás, a matéria abaixo estaria mais para a linha de ficção do tipo  "Minority Report - A Nova Lei" , mas...pasmem: já é real.
Foi a matéria da Revista Super Interessante de Março de
2010 sob o tema:

Foto filme " Eu, Robô"

Cartão de crédito: ele sabe mais de você do que você pensa.

Matéria Original: revista Super Interessante - Março de 2010
Adaptada e comentada por: Antonio Fernando De Julio - Instrutor MoneyFit


Entre o digitar do valor da sua compra, sua senha e a frase “transação aceita – Retire o seu cartão”, acontecem mais coisas do que você imagina durante uma simples compra com o seu cartão de crédito. Uma bateria de computadores checa várias informações como: valor da compra, local, intervalo entre uma compra e outra e o tipo de estabelecimento. Tudo isso para saber se é você mesmo quem está comprando. O único problema é que essas regras são estáticas e não conseguem acompanhar a evolução dos golpes.


Mas seus problemas acabaram! Estão entrando em campo as redes neurais. São programas de computador que conseguem “aprender sozinhos”. Eles analisam as próprias decisões e são capazes de inventar critérios próprios de julgamento. Enquanto você espera a famosa frase aparecer no visor, tem um robô pensando a respeito. O problema é: ele sabe mais de você do que você pensa...

Esses robôs podem aprender muito sobre os seus hábitos de consumo, teoricamente, para o seu bem e para evitar que o ser cartão de crédito seja clonado. Eles sabem qual é a sua comida preferida (e até os restaurantes que você mais frequenta), se você tem um bicho de estimação, se alguém da sua família vai se casar (gastos com aluguel de roupas, flores...), se você usa ou vai usar óculos e por aí vai. As empresas dizem que não tem acesso ao nome dos consumidores – informação que fica no banco onde a pessoa tem conta, que só tem as informações que estão no recibo. Mas isso já basta. Para se ter uma idéia, só o computador central da MasterCard nos EUA armazena 652 mil gigabytes de dados.


Segundo o economista americano Ian Ayres, eles tem como saber, com dois anos de antecedência, se você vai se divorciar. A Visa já usa esses critérios para evitar atrasos de pagamento. Ayres não revela como faz isso, mas a informação foi confirmada pela Google, que tem um banco de dados similar em monstruosidade. “O grau de acerto é de 98%”, diz Marissa Mayer, vice-presidente da empresa. “Eles vêem isso pelo padrão de suas compras”.

As empresas negam, mas alguns critérios vazam. Se você muda de supermercado, pode ser porque está com problemas financeiros. A AMEX rebaixou o limite de compras de seus clientes que começaram a freqüentar o Wal-Mart, porque para os padrões americanos, comprar nessa rede significa queda no padrão de vida. (imagino eu que compro peças de computador na Santa Ifigênia então...) Essa medida fez o índice de inadimplência baixar de 4,9% para 4,4% (cada 1% representa US$ 10 BILHÔES economizados pelas empresas). A dívida com cartões nos EUA chega a US$ 972 bilhões, mais da metade do PIB brasileiro.

Com a crise global e o risco de calotes, cresce o uso das redes neurais. Isso levou a algumas conclusões estranhas (fazer terapia ou freqüentar um tipo de bar pode fazer seu limite ser reduzido). Um executivo americano teve seu limite de crédito reduzido de US$ 10 mil para US$ 3 mil depois que fez uma viagem para a Jamaica (que for para a Copa do Mundo na África que se prepare).

As operadoras não se importam se você não paga em dia. Em 2005 enviaram pelo correio 10,2 bilhões de cartões de crédito não solicitados. 40% do que elas faturam vem de juros e multas.

O cartão engana nosso cérebro. “Parece que você não está gastando”, diz o neuroeconomista George Loewenstein, da Universidade Carnegie Mellon.

O negócio é fazer força para se controlar e não gastar mais do que deve, mas é uma luta complicada. Seu cartão sabe do que você gosta e as empresas de marketing não vão te dar sossego...
 
Fonte: Revista Super Interessantes - março 2010
adaptada para http://www.moneyfit.com.br/blog.php

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