domingo, 6 de junho de 2010

Como nossos filhos realmente aprendem sobre dinheiro?

Imagem: Dreamstime

Texto original em inglês de Elisabeth Donati
Traduzido e adaptado por Silvia Alambert

Como nossos filhos realmente aprendem sobre dinheiro?

A maioria não aprende até que se torne adulto e aprenda com os resultados de seu próprio sucesso ou fracasso financeiro.

Infelizmente, são pouquíssimas as escolas pelo país que transmitem conteúdo financeiro efetivo (obviamente, porque os professores não tem o conhecimento necessário sobre como realizar isto, nem conhecimento sobre os temas e nem tampouco uma metodologia que torne a aprendizagem natural), as ações para tornar público o conhecimento através da televisão ainda não chega à grande massa, a acessibilidade a computadores, idem e esperar que os pais adotem um novo modelo e hábito para educar seus filhos, é ainda mais difícil. Tipicamente, as habilidades dos pais em gerenciarem o próprio dinheiro foram desenvolvidas através da auto aprendizagem e, por isso, estão longe do que desejam para seus filhos ou ainda, nossas finanças são tão complexas que a forma como lidamos com ela não significa muito para uma criança.


Para piorar, hoje em dia as crianças e jovens gastam mais dinheiro e desenvolvem estilos financeiros muito mais cedo do que antes e, antes que você perceba, as crianças acabam desenvolvendo maus hábitos que podem segui-la pela vida inteira.


De fato, a maioria dos pais não lida com as questões de gerenciamento de dinheiro de seus filhos até que as crianças se tornem adultas. Daí então, estes problemas poderão se transformar em um alto custo emocional.

Ao final, o tempo inteiro os filhos proporcionam aos pais a melhor oportunidade para encorajá-los com hábitos financeiros saudáveis e evitar problemas emocionais futuros em suas vidas, caso essa área de comportamento financeiro humano seja negligenciada.

O único meio das crianças aprenderem a gerenciar seu dinheiro é através da experimentação e orientação que nós, pais, podemos dar a eles. Em outras palavras, as crianças aprendem por acerto e erro e por modelos, exatamente como todos nós. E se nós, pais, não pudermos ensiná-las enquanto são crianças, o preço por cometer erros na vida adulta poderá ser alto em termos financeiros e de relacionamentos.

Obviamente, a questão da mesada deve caber a cada família decidir se deseja introduzi-la ou não, mas o fato é que a mesada é uma excelente ferramenta de educação financeira, então, o primeiro passo é Inicie com uma mesada.

O que eu devo fazer?

Eis alguns motivos pelos quais as crianças precisam de uma mesada:


- Receber uma quantia de dinheiro de forma regular é o único meio que crianças aprendem a gerenciar dinheiro.

- Eles precisam aprender a errar enquanto se trata de uma pequena quantia de dinheiro.

- Conhecer os limites do recurso disponível acaba forçando as crianças e jovens:


1) A pensarem sobre qual o valor das coisas,

2) A realizarem escolhas entre as tantas coisas que elas desejam ter, mas principalmente,

3) A darem o valor devido pelas coisas que comprarem quando utilizam seu próprio dinheiro (já que a relação “barato-caro-barato” depende do quanto cada um deseja uma determinada coisa, exemplo: um sanduíche pode parecer ser caro para aquele que não o deseja, mas barato para aquele que o quer de fato) e;

4) Para saber o real valor das coisas é preciso ter uma renda, um dinheiro. Imagine-se sem dinheiro...tudo parece ser inatingível.

Quando eu devo iniciar?
Uma vez que seu filho mostre interesse por dinheiro e compreenda o conceito de dinheiro – o simples fato de compreender que ele pode ser trocado por “coisas” – eles estão prontos a iniciar a aprendizagem básica sobre gerenciamento de dinheiro. Para muitas crianças, isto poderá acontecer aos 3 ou 4 anos. Nesta fase, a mesada deverá ser introduzida através de uma quantia mínima por semana. Sendo maiores, já poderão receber quinzenalmente ou mensalmente.

Quanto eu devo dar?
Alguns dizem em um real para cada ano de vida por semana, outros sugerem que seja dado um valor próximo ao que os amiguinhos recebem. Eu, particularmente, sigo a corrente dos que concordam que o valor não pode ser tão baixo a ponto da criança se sentir excluída de seu grupo social e nem tão alto a ponto da criança não precisar sequer se organizar financeiramente para conquistar seus sonhos de consumo e, principalmente, que o valor dado caiba no bolso da família, para que o ensinamento não seja quebrado.
De qualquer forma, qualquer uma das opções ajudará bastante.

Quando for introduzir a mesada, experimente esta conta:

Determine quanto de dinheiro você já dá. Se seu filho não recebe mesada, isto significa que VOCÊ está administrando o dinheiro dele, decidindo o que ele comprará e o que irá fazer. O papel dele é de vendedor (já que ele vende a idéia do que quer, para você comprar) e de manipulador (porque por trás do desejo da compra, ele provavelmente utiliza artifícios que o convence à compra daquilo que ele quer). Deixe-o aprender a administrar seu próprio dinheiro. Pare de fazer isto por ele. Some o valor total das coisas as quais você é convencido a comprar todos os meses e entregue a responsabilidade a ele e permita que ele tome as próprias decisões com as escolhas dele com o próprio dinheiro. Você poupará tempo e evitará uma das maiores batalhas da vida: a guerra de nervos.
Faça uma lista do que é esperado que ele pague com sua própria mesada. Uma vez que você já estipulou o valor, sente-se com seu filho e faça uma lista de tudo aquilo que é esperado que ele usufrua com seu próprio dinheiro (figurinhas, doces, álbuns e, se forem maiores, material de papelaria extra (lapiseira que brilha, papel de fichário decorado, canetinhas com cheiro, etc), cinemas, pipocas, baladas, manicure, lanchonete). Isto soluciona os conflitos que podem surgir em lojas e outros departamentos de compras. O valor total requerido durante o mês se transforma em mesada. Conforme crescem, as necessidades mudam. Esteja aberto para revisar valores quando julgar que é o momento.

Tenha em mente que crianças e jovens usam o dinheiro para apenas 3 finalidades: gastar, economizar e partilhar. Considere estas três áreas quando apresentar o valor da mesada. Ajustando a mesada, este processo colocará um ponto final às constantes solicitações por dinheiro para comprar isso e aquilo e aquilo outro, já que terão dinheiro para fazer o que o coração deles desejar.

Devo atrelar a mesada a afazeres domésticos?
Você acha que seu filho tem uma certa parcela de responsabilidade com os afazeres da casa somente pelo fato de ser membro da família?


Se acha, tais responsabilidades não devem ter nada a ver com a mesada (por um acaso, alguém nos paga por arrumarmos nossa cama? Cozinharmos? Irmos ao supermercado? A padaria? A farmácia? Por guardarmos os sapatos? As roupas? Todos nós sabemos muito bem que, se quisermos que alguém faça isso por nós, teremos que contratar uma pessoa e pagá-la para fazer o trabalho por nós).


Então, é melhor que estas responsabilidades estejam atreladas a perda de privilégios tais como, sem acessibilidade a computador, vídeo game, ou outra coisa que faça parecer que “o mundo acabou”, do que simplesmente deixar de receber a mesada.


Como uma criança saberá administrar o dinheiro se ela não sabe quanto pode gastar por mês? Por outro lado, atrelar mesada a trabalhos domésticos pode ser uma armadilha, já que se seu filho julgar que naquela semana ele não irá precisar de dinheiro, ele poderá simplesmente não querer ajudar com os afazeres da casa. Além do mais, não creio que você queira ouvir “ quanto você vai me pagar?”, cada vez que o telefone tocar e você pedir ao seu filho para que atenda.



Lembre-se que a proposta de introduzir uma mesada a crianças e jovens é a de oferecer uma oportunidade de aprendizagem sobre como gerenciar o dinheiro através de acerto e erro e da orientação dos pais.

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