terça-feira, 18 de agosto de 2009

Conviver ou Morar


Compartilho com vocês esta matéria que saiu no Diário do Nordeste e que julguei muito pertinente aos assuntos que abordamos neste blog.
É um tema para reflexão e que nos ajuda - enquanto pais zelosos que somos - a perceber os sinais que nossos filhos nos mandam, mas que na correria do dia a dia acabamos prestando pouca atenção.
Aproveito e deixo uma indicação de leitura muito bacana que segue nesta mesma linha e que se chama " O que as Crianças Realmente Querem que o Dinheiro não Compra", de autoria de Betsy Taylor - editora Sextante.

Leia, reflita e partilhe sentimentos, caso deseje.

Boa leitura.

"Nunca o verbo ter esteve tão em evidência entre nossas crianças e adolescentes como nos tempos de hoje. É quase vital para elas ter um celular, ter um mp3, 4 ou 5..., ter um computador com orkut, msn e e-mail, ter uma TV, ter um dvd, ter jogos eletrônicos, ter um iPod, ter uma câmera digital, e tudo isso monopolizado de preferência em seus quartos acompanhado do quesito “última geração”.
Nunca os pais tiveram que trabalhar tanto para suprir essas necessidades.
Se antes a preocupação fundamental dos pais era comida na mesa e educação, hoje eles se desdobram para suprir tais necessidades e ainda acompanhar essas exigências do mundo moderno no qual nossos filhos vêm se tornando escravos desse consumismo desumano, egoísta e enclausurador.
Digo desumano porque não se mede a condição financeira; é quase obrigatório ter para fazer parte da “turma”. É egoísta porque não se adota a política de compartilhar, cada um tem que ter o seu e de preferência trancafiados em seu quarto, perdendo horas de suas vidas de frente para telas em um ambiente de clausura e individualismo.
É bem verdade que precisamos trabalhar bem mais que antes e, para compensar nossa ausência diante de nossos filhos, tentamos preencher seus anseios presenteando-os com essa parafernália eletrônica, na qual está tornando nossas crianças adultos frios, calculistas, privados de emoções reais como o toque, o choro, o riso.
Alguém já parou para pensar que nada que distrai nossas crianças hoje oferece a elas emoções reais?Que tipo de adultos estamos formando? Humanos desumanos? Máquinas? Aonde essa criação robótica vai nos levar?Isso é tão sério que, se você, pai ou mãe, se enquadra no perfil “pai moderno, presentes modernos, filhos modernos”, será bem difícil sair deste hemisfério e ir para um outro mais humanizado entre pais e filhos, do tipo: um passeio à beira-mar, um bate-papo familiar, a contemplação de um entardecer, um joguinho de bola, uma piada, um sorriso, um abraço e até mesmo uma lágrima.
A proposta é conviver, tocar, externar, tirar nossos filhos de seus quartos e levá-los para sala. Provavelmente sua criança ou adolescente achará, a princípio, sua proposta um tédio, e não espere que ela o (a) incentive para trabalhar essa questão.
Não podemos simplesmente deletar os hábitos já adquiridos por nossos filhos, mas podemos tentar configurar tais costumes.
Segundo o escritor Augusto Cury, é aí que mora a diferença entre um “Bom Pai” e um“Pai Fascinante”. O bom pai cuida de seus filhos, a fim de suprir suas necessidades e sempre os presenteia. O pai fascinante, quando pode, presenteia, mas sempre o maior presente é sua própria pessoa, atendendo as necessidades de seus filhos com o convívio, o toque, a conversação, o riso. Contam histórias, ninam suas crianças para dormir, ao invés de deixá-las na internet madrugada a dentro até deitarem exauridas de sono, com suas mentes vazias, com o coração frio sem a presença dos pais, sem o beijo de boa noite, sem o aconchego do cobertor e a conversa ao pé do ouvido.
Deixo este texto afim de que você pai ou mãe faça uma reflexão: Você convive com seus filhos ou apenas mora com eles?"

JULIANA GOMES DOURADO* Pedagoga

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