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A vida anda em um ritmo tão acelerado que mal nos damos conta das “extravagâncias” que realizamos com o nosso dinheiro no dia a dia. É quase como se andássemos o dia inteiro ligados no piloto automático e, assim, mal observamos que nosso dinheiro escorre pelas nossas mãos. É muito comum, ao final do dia, abrir a carteira e levar um choque ao se deparar com um monte de notas trocadas, moedas ou vias amarelas e azuis de cartões e ficar se indagando como aquilo aconteceu ao longo de um único dia: é nota de combustível, de porcarias compradas na lojinha de conveniência do posto em que o veículo foi abastecido, do supermercado que alguém pediu para passar antes de voltar para casa, de café na padaria antes de entrar no trabalho e assim vai.
Se você observar com atenção e colocar todas estas despesas na ponta do lápis, encontrará aí um grande ralo por onde escorre o seu dinheiro.
Por este motivo, convido vocês a estarem atentos ao seu cérebro - está máquina maravilhosa que pode ser seu grande aliado ou um “exterminador” de seu sucesso financeiro, já que é lá que também estão instalados os seus arquivos com seus pensamentos e crenças sobre o uso do dinheiro - e determinarem a ele o “modus operandi”. Para determinar essa nova forma de executar, porém, será necessário um esforço de sua parte para que você crie novos procedimentos e, para isso, você deverá estar atento para que ele, o seu cérebro, não volte a trabalhar no “modo automático”.
O transporte público
Quem trabalha nas grandes cidades e depende do transporte público sabe o transtorno que é se servir dele para chegar ao trabalho e quem já teve a oportunidade de conquistar o seu próprio carro, sabe o quanto é difícil ter que deixa-lo na garagem para utilizar transporte público. Apesar de o transporte público gerar uma boa economia, quem tem um carro à disposição dificilmente abre mão dele para ir trabalhar. Em contrapartida, as despesas com manutenção e combustível do veículo acabam tomando uma considerável parte da renda do trabalhador. Inteligente mesmo seria buscar alternativas para “rachar” despesas com alguns colegas que não disponham de um carro e desejem chegar com mais tranqüilidade no mesmo local ou até mesmo próximo ao seu local de trabalho. Vale lembrar que para este caso, a economia vem acompanhada de uma dose a mais de responsabilidade com horários, mas vale o esforço, a economia e a eterna gratidão do meio ambiente.
No trabalho
É muito comum naquela meia horinha do retorno do horário do almoço, ficar dando voltinhas para ver as vitrines das lojinhas que ficam ao redor de onde está instalada a empresa (isso quando não tem um Shopping ao lado!!). Eis o perigo: sempre há quem convide para tomar o cafezinho expresso ou comer um doce antes de voltar ao trabalho ou mesmo a pessoa se deparar em frente a lojas e se lembrar que estava precisando mesmo comprar alguma coisa que tinha esquecido. Pronto. Esteja alerta: é preciso ou você só quer comprar porque não está fazendo nada mesmo?
Afinal de contas, porque você viajou se era para ficar com um escorpião na carteira? Essa é a pergunta que é puxada do arquivo “diversão” e que está armazenada no seu cérebro. E você tende a concordar com ele: “ Estou me divertindo. Por que irei me privar das coisas?”. Seja forte. Se você se programou para gastar um tanto, evite gastar outro tanto. Antes um escorpião na carteira do que um tatu na conta corrente ou na fatura do cartão de crédito.
Ficar sem fazer nada em casa é a mesma coisa que ouvir aquela voz interior dizer: “Preciso arrumar uma forma de gastar dinheiro sem sair de casa.” Muitas pessoas juram por tudo o que é sagrado que não sairão no final de semana porque não podem gastar dinheiro. Entediadas, pegam a agenda de contatos do telefone celular e ligam para os amigos do telefone fixo para o telefone móvel ( a tarifa chega a R$ 1,09 o minuto!!!) e até deixam recados em caixas postais de todos os celulares desligados dos amigos. Sentindo-se solitárias, as pessoas tendem a cometer mais erros com o dinheiro do que imaginam. Decididas a não sair para gastar, chamam os amigos em casa e ligam para a pizzaria.
Tecnologia : tem até quem não entenda a funcionalidade, mas que certamente já tenha adquirido um IPad2 ou uma TV LED Full HD c/ Entradas HDMI e USB e Conversor Digital. O consumismo exacerbado e a necessidade de “parecer ser”, faz com que milhares de pessoas tenham a ilusão que serão “descoladas” ou “plugadas” somente porque possuem o último lançamento de um eletrônico (nem que seja parcelado em “n” vezes). As pessoas nem percebem que compram itens cujas funcionalidades pouco servem para as suas necessidades. Desperdiçam dinheiro que poderia ser mais bem empregado em algo que tenha mais a ver com o que elas realmente curtem ou necessitam ou mesmo para criarem reservas para o futuro. Conheço casos de pessoas que compram celulares sofisticados não porque precisam ou saibam utilizar os recursos, mas porque “a câmera tem não sei quantos mega pixels”. Oras, compre uma câmera digital, então, e vá fazer um curso de fotografia. Com isso, quem sabe, o hobby se torna algo profissional e a pessoa ainda faz um dinheiro extra.
Passeios aos finais de semana
Como a maioria das pessoas não se planeja adequadamente, o montante do dinheiro que elas fazem ao longo do mês tem que cobrir tudo o que vier pela frente: contas, moradia, alimentação, educação, combustível, seguros, limite de cheque especial, diversão, etc. Dessa forma, e sem prestarem atenção que estão vivendo não com 100%, mas com "300%" da renda que fazem, há pessoas que insistem em dizer que não sobra dinheiro para a diversão, mas que saem para pequenos programas todos os finais de semana. Escuto muitas coisas do tipo: “ Só fui a uma baladinha no sábado” ou “Viajamos para uma pousada baratinha” e ainda“ Fomos ao parque e depois fomos almoçar no shopping ”. Isso não é diversão? O que seria, então, diversão? Poder sair e gastar mais dinheiro? Se diversão significar gastar mais dinheiro, então saia somente em um final de semana com o dinheiro acumulado dos quatro finais de semana.
Passeios não deveriam estar atrelados ao pensamento de que é obrigatório sair para passear todos os finais de semana e nem tampouco de ter que se gastar muito dinheiro. Piora o passeio se for realizado de forma aleatória, sem nenhum planejamento anterior. A não ser que você queira ver o limite do seu cheque especial, por exemplo, indo passear em outras mãos.
Filhos
Costumo dizer que os filhos são os nossos melhores vendedores. Eles nos vendem tudo. Cheios de técnicas e artimanhas, eles são capazes de convencer os pais desatentos a comprarem desde coisinhas alimentícias antes do jantar até ingressos de R$ 700,00 em shows ou games infindáveis. Ao final das contas, eles conseguem fazer com que os pais embarquem nos desejos desenfreados de consumo deles e fazem com que os pais também sobreponham esses desejos como sendo uma prioridade e esteja um nível acima de qualquer necessidade da família, sem se importarem se com essa atitude eles estarão afetando o orçamento e mesmo o futuro financeiro da família.
Os pais devem entender que eles são dotados de poderes mágicos para fazer com que os filhos entendam sobre as relações de consumo, já que são eles os detentores do dinheiro. Acontece, porém, que no ritmo frenético em que as coisas acontecem e a supervalorização do TER, os pais por também estarem buscando a realização de sonhos a qualquer preço, abrem mão de pensarem no futuro financeiro da família para realizarem sonhos de consumo de maneira imediata e desorganizada. Assim, os filhos vão criando uma imagem distorcida com relação à linguagem das relações entre trabalho, dinheiro e consumo.
Quando a família trabalha estas relações junto aos filhos, todo mundo ganha e a criança passa a ser mais determinada com as coisas que realmente tem importância e que farão diferença na vida dela. Temos alguns exemplos de crianças dentro do programa, mas este foi um bem marcante em virtude da tranqüilidade da aluna ao expor ao grupo porque a opção de viagem de férias foi postergada naquele ano: “Estamos terminando de reformar a nossa casa e isso gasta muito dinheiro. Meu quarto vai ser lindo e eu já estou escolhendo os objetos que eu quero.”
Entendo que tudo isto é uma questão de incorporar novos hábitos em sua vida e isso não acontecerá de uma hora para outra, mas desde que você realmente queira, é possível iniciar um processo de mudança e mudar.
Todos esses hábitos que você tem hoje, ocorreram em virtude das informações que você recebeu, processou e se condicionou a fazê-los. Todas estas informações estão lá armazenadas no seu cérebro.
Pelo menos, tente.
Cada vez que você se der conta de que seu pensamento está lhe tentando a cometer um hábito que colocará seu esforço financeiro por água abaixo, olhe para o seu cérebro e diga: " Xô. Este pensamento não lhe pertence mais!"
“Suas convicções se tornam seus pensamentos.
Seus pensamentos se tornam suas palavras.
Suas palavras se tornam suas ações.
Suas ações se tornam seus hábitos.
Seus hábitos se tornam seus valores.
Seus valores se tornam seu destino.” ~Mahatma Gandhi
Quem ama, também educa financeiramente.
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