sábado, 7 de maio de 2011

Mãe, na verdade, é artista.

Imagem: dreamstime.com
Muitas pessoas acreditam que como educadora financeira de crianças e jovens e mãe, deva ser bem simples ensinar minha própria filha sobre as questões relacionadas a dinheiro.
Questionam-me se minha filha segue tudo aquilo que eu ensino e, portanto, se é uma “pequena economista”.



Minha resposta a estas indagações é sempre a mesma: “ Não”.


As pessoas às vezes me olham com certo ar de decepção ao ouvirem esta resposta, porque acreditam que pessoas que se especializam em determinados assuntos devam ter controle total sobre a situação dentro de sua própria família.


Oras, seria a mesma coisa que perguntar se filhos de dentistas não tem cáries ou se filhos de professores de matemática são excelentes alunos de matemática ou se filhos de médicos não ficam doentes.


Levo-as à compreensão, então, que é através da educação diária e através de nossos exemplos que vamos transmitindo os conceitos para a formação integral do indivíduo e mostrando como vivemos no compasso da vida.
A educação não se faz sozinha e nem do dia para a noite.

É bem verdade também que sempre esperamos que através dos ensinamentos diários e dos exemplos que damos como sendo certos para preparar nossas crianças para a vida, é que elas crescerão e passarão a aplicá-los da forma como foram ensinadas.
Só que não podemos nos esquecer que a vida não se resume somente ao nosso modelo e aos nossos ensinamentos, julgados por nós mesmos como sendo o ideal.
As crianças, ao longo de sua formação, também sofrem outras influências e tomam outros modelos como exemplos, modelos os quais e que por vezes - e por fatores que talvez nunca venhamos a compreender - elas julgam estarem mais de acordo com o que acreditam do que aquele adotado pela família.

Por este motivo, quando ouço colocações do tipo “nossa, criei todos da mesma forma e cada um saiu de um jeito”, chego a ver o ponto de interrogação na cabeça das crianças ao pensarem que suas mães pensam que todos os filhos devessem ser iguais no jeito de ser, como se a educação fosse somente uma receita daquelas de bolo de caixinha, e como sofrem os pais, por não entenderem porque cada um sai de um jeito.

Por isso, quando se trata de saber se minha filha é ou está perto de ser uma pequena economista ou se é mais fácil educa-la financeiramente, eu respondo: “ Não”. Porque educar não tem nada de fácil para ninguém, por mais domínio que tenhamos sob um determinado ponto da educação.


Criar expectativas antecipadas sobre os nossos filhos e sobre os ensinamentos que transmitimos poderá gerar grande frustração em nós mesmas, enquanto mães e um grande sobrepeso na vida das crianças.


Então, e obviamente, ensino à minha filha o que ensino a todas as crianças e adolescentes que passam pelas aulas de educação financeira, com a única diferença de poder assistí-la e continuar ensinando os princípios financeiros em nosso dia a dia comum, já que vamos ao mercado, à papelaria, à farmácia, ao cabeleireiro, em fim, e assim, acabo criando mais oportunidades para reforçar os ensinamentos que poderão ser muito úteis na vida futura dela, mas não diferente do que fazem as mães dentistas, médicas, nutricionistas, professoras de educação física ou qualquer outra profissão: ensinam o que sabem e o que julgam ser importante e útil na formação dos filhos.


Além do mais, criança é criança: sempre vai querer algo que o coleguinha tem, sempre vai querer coleções intermináveis de itens que lançam no mercado (meus olhos saltaram, minha boca ficou entreaberta e quase fquei sem ar ao saber do preço da nova coleção de borrachinhas (glup) que colocaram no mercado e que já virou febre!). Essas coisas de crianças.


Agora uma coisa é líquida e certa: eu não compro nada disso com o meu dinheiro. Aliás, me nego veementemente e de uns meses para cá passei a bola da responsabilidade da compra de presentes de aniversários dos amigos para ela também (ela tem 10 anos). Ela, então, administra o próprio dinheiro da forma que julga melhor para ela. Em minha observação, ainda erra mais do que acerta, mas isto faz parte da aprendizagem e do amadurecimento sobre como pensar sobre dinheiro e sobre como lidar com ele.


Agora, se está próxima a se tornar uma pequena economista...isso eu já não posso afirmar, porque nesta fase, tudo muda em um instante: o que era importante, deixa de ser e o que não era, passa a ser. Há meses em que parece que entendeu tudo e há meses em que parece que nunca recebeu nenhum ensinamento.

O fato é que, enquanto mãe, transmito os ensinamentos para uma formação integral, apresento a realidade do dia a dia, a “lição de casa” é dada, mas...a vida é feita de escolhas e sobre isso, não há como ter controle sobre a vida de alguém, nem dos nossos filhos.

Como boa mãe coruja, certamente eu estarei sempre lá, aconselhando, instruindo, orientando e torcendo fielmente para que ela seja feliz com suas escolhas.


Como educadora financeira, tenho certeza que eu estou oferecendo as melhores opções e criando oportunidades para que ela construa um caminho financeiro sólido e tranqüilo em seu futuro.

Educar é uma arte, não importa a profissão da mãe.

Um beijo de uma mãe a todas as mamães, verdadeiras artistas na arte de educar.




Silvia Alambert é educadora financeira, diretora executiva e detentora da metodologia de ensino do programa The Money Camp, programa que tem por objetivo levar educação financeira para crianças e jovens no Brasil.

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