Imagem: http://www.dreamstime.com/ |
Iniciar a educação financeira de crianças contando histórias para que trabalhem os aspectos comportamentais e emocionais dos personagens envolvidos é sempre uma excelente alternativa para que possam compreender que as decisões emocionais precipitadas podem causar transtorno de toda ordem.
As histórias trabalham o imaginário das crianças , fazendo com que elas se coloquem na situação narrada e levando-as a reflexão da situação vivida pelos personagens apresentados.
No caso de crianças menores, se houver a possibilidade de trabalhar com elementos artísticos, tais como fantasias, fantoches e acrescentando a isso a emoção na narrativa, tornará a história mais rica e mais próxima do real.
Soma-se a isso tudo, o passeio pelo lado direito do cérebro (a criatividade), o ganho de vocabulário que toda a literatura traz, além da compreensão daquilo que está sendo lido ou narrado. Deixe-a contar livremente a história que acabou de ouvir.
Temos trabalhado com crianças e jovens em sala de aula a literatura voltada ao universo financeiro e empreendedor e lhes proporcionado momentos prazerosos de aprendizagem através da dramatização.
Experimente esta viagem fantástica com seus filhos e navegue no mundo da fantasia real.
Para começar, uma estória sobre a ganância.
O REI MIDAS
O toque de Ouro
Era uma vez um rei muito rico chamado Midas.
Ele possuía mais ouro do que qualquer outro no mundo inteiro, mas ainda assim não estava satisfeito. Nada o deixava mais feliz do que conseguir acrescentar um pouco mais à sua riqueza.
Mantinha-o todo guardado em enormes cofres nos subterrâneos do palácio, e passava muitas horas por dia contanto e recontando seu tesouro.
O Rei Midas tinha uma filhinha chamada Áurea.
Amava-a com verdadeira devoção, e dizia: "Ela será a princesa mais rica do mundo!"
Mas a pequena Áurea nem se importava com isso. Adorava seu jardim, as flores e o sol, mais do que a riqueza do pai. Ficava sozinha a maior parte do tempo, pois o pai estava sempre ocupado, buscando novas formas de conseguir mais ouro, e contando o que já possuía, de tal sorte que quase nunca tinha tempo para contar-lhe histórias ou passear, conforme deveriam fazer todos os pais.
Um dia, o Rei Midas estava na sala do tesouro nos subterrâneos do castelo.
Havia trancado as pesadas portas do aposento e aberto os enormes baús.
Despejou todo o conteúdo sobre a mesa e pôs-se a brincar com o ouro como se o simples toque o deixasse satisfeito.
Fazia-o escorrer entre os dedos e sorria ao ouvir o tilintar das peças, qual doce melodia. De repente, uma sombra se projetou sobre a pilha de objetos. Ao levantar os olhos, deu com um estranho trajando roupas brancas brilhantes e sorrindo para ele.
Soergueu-se, surpreso. Não se esquecera de trancar as portas! O tesouro, então, não estava seguro! Entretanto, o estranho continuou sorrindo.
- Vossa Excelência tem muito ouro - disse ele.
- Tenho, sim - disse o rei -, mas é pouco comparado a todo o ouro que existe no mundo!
- Ora! Esse ouro todo não satisfaz a Vossa Excelência? - perguntou o estranho.
- Ora, essa! - respondeu o rei - Mas é claro que não estou satisfeito. Passo longas noites acordado planejando novas formas de conseguir mais. Gostaria de poder transformar em ouro tudo que toco.
- É isso que Vossa Excelência realmente deseja?
- Claro que sim! Nada haveria de deixar-me mais satisfeito.
- Pois o desejo de Vossa Excelência será atendido. Amanhã de manhã, quando os primeiro raios de sol adentrarem os aposentos, Vossa Excelência terá o toque de ouro.
Ao terminar de falar, o estranho desapareceu.
O Rei Midas esfregou os olhos.
- Devo ter sonhado - disse ele -, mas como eu ficaria feliz se isso fosse verdade!
No dia seguinte, o Rei Midas acordou quando a primeira luz do dia se fez presente em seus aposentos. Esticou a mão e tocou as cobertas da cama. Nada aconteceu.
- Eu sabia que não poderia ser verdade - exclamou, desapontado.
Naquele exato momento, entraram pelas janelas os primeiros raios de sol. As cobertas onde estava encostada a mão do rei transformaram-se em ouro puro.
- É verdade! É verdade! - gritou ele, muito contente.
Saltou da cama e correu pelo aposento tocando em tudo que havia. O manto real, os chinelos, os móveis, tudo virou ouro. Foi até a janela e olhou para o jardim de Áurea.
- Vou fazer-lhe uma boa surpresa - disse ele. Desceu ao jardim e tocou todas as flores da filha, transformando-as em ouro.
- Ela ficará muito satisfeita - pensou.
Voltou aos seus aposentos para aguardar a chegada do café da manhã e se dispôs a retomar a leitura da noite anterior, mas assim que suas mãos tocaram o livro, o objeto se transformou em ouro maciço.
- Não posso ler, assim - disse o rei -, mas, ora, é bem melhor ter um livro de ouro.
Naquele exato momento, um criado entrou nos aposentos, trazendo-lhe o café da manhã.
- Que beleza! Vou começar pelo pêssego, que está vermelhinho de tão maduro.
Pegou-o então, mas, antes de conseguir comê-lo, já se havia transformado num pedaço de ouro. O Rei Midas o colocou de volta no prato.
- É muito bonito, mas não posso comê-lo! - disse ele.
Pegou uma broa de pão, mas também ela se transformou em ouro.
Colocou a mão no copo d'água, mas tudo virava ouro.
- O que vou fazer? Tenho fome e sede. Não posso comer nem beber ouro!
E logo a pequena Áurea entrou em seus aposentos. Ela estava chorando, muito sentida,
e trazia nas mãos uma das rosas.
- O que houve, filhinha?
- Ah, papai! Veja o que aconteceu com minhas rosas! Estão todas duras e feias!
- Ora, são rosas de ouro, filha. Você não acha que estão mais bonitas agora?
- Não - disse ela, soluçando. - Não têm mais o agradável perfume que tinham. Não crescerão mais. Gosto de rosas vivas.
- Não se preocupe - disse o rei -, venha tomar seu café.
Entretanto, Áurea percebeu que o pai não comia e que estava triste.
- O que houve, meu querido pai? - perguntou ela, aproximando-se.
Deu-lhe um abraço e ele a beijou, mas, de repente, o rei soltou um grito de pavor.
Ao tocá-la, o lindo rostinho transformou-se em ouro brilhante, os olhos não viam mais, os lábios não conseguiram beijá-lo também, os bracinhos não o estreitaram.
Deixou de ser uma adorável e carinhosa menina; transformara-se numa estatueta de ouro.
O Rei Midas baixou a cabeça e os soluços o sobrepujaram.
- Vossa Excelência está feliz? - alguém perguntou.
O rei levantou a cabeça e viu o estranho de pé a seu lado.
- Feliz! Como te atreves a perguntar uma coisa dessas? Sou o homem mais triste na face da terra! - disse o rei.
- Vossa Excelência tem o toque de ouro. E isso não basta?
O Rei Midas não tornou a olhar para o estranho, nem respondeu.
- O que Vossa Excelência prefere: comida e um copo d'água fresca ou essas pedras de ouro? - disse o estranho.
O Rei Midas não conseguiu responder.
- O que prefere ter, ó Majestade? Aquela estatueta de ouro ou uma menina que pode correr, rir e amá-lo?
- Ah, devolva-me minha filhinha Áurea e eu abdicarei de todo o ouro que tenho! - disse o rei. - Perdi a única coisa que realmente me valia ter.
- Vossa Excelência demonstra agora mais sabedoria do que antes - disse o estranho.
- Vá mergulhar no rio que passa nos fundos do jardim, e depois leve um pouco da água para jogar sobre tudo aquilo que deseja ter de volta ao normal.
O estranho, então, desapareceu.
O Rei Midas levantou-se rapidamente e foi correndo até o rio. Mergulhou, pegou um bocado de água e retornou ao palácio. Jogou-a sobre Áurea e as cores voltaram a iluminar seu rosto.
Ela tornou a abrir os olhinhos azuis.
- Ora, papai! - disse ela - O que aconteceu?
Chorando de alegria, ela a pegou no colo.
Depois disso, o Rei Midas nunca mais se preocupou com ouro algum, a não ser o ouro que existe no brilho do sol e nos cabelos da pequena Áurea.
Adaptação de O livro das maravilhas,
de Nathaniel Hawthorne
Zumk, obrigada pela colocação.
ResponderExcluirO meu cérebro é que tem passeado muito pelo lado esquerdo.