domingo, 30 de setembro de 2012

Águia ou Galinha?


Uma equipe de ecologistas americanos propôs-se ao desafio de estudar o comportamento das águias.

Munidos de uma filmadora com lentes de longo alcance de até 500 m, decidiram escalar as montanhas do Colorado e acompanharam dali o processo de construção do ninho de uma águia, num daqueles picos gelados, bem na encosta, no ponto mais perigoso, inacessível.

A camada externa era toda de espinhos; a segunda, gravetos sem espinhos, peles de animais e capim. O interior era todo revestido de penas. Depois de concluído, tinha dois metros de profundidade e três de diâmetro. Apesar da neve cá fora, o ninho era todo quentinho, aconchegante, e totalmente protegido do vento.  

Os penhascos são os locais preferidos das águias: constroem lá seu ninho e o conservam por toda a vida. Se ele cai ou sofre depredação, a águia constrói outro no mesmo lugar. De hábitos sedentários, possuem morada própria, fixa, e não admitem intrusos no ninho.
As águias, notáveis pelo seu tamanho e vigor, são as aves mais fortes que existem.

Devido à sua imponência, ferocidade, valentia, nobreza, figuram nos emblemas e escudos das nações desde os tempos da antiga Babilônia.
Os olhos muito grandes e frontais os diferem das demais aves e lhes proporcionam uma visão ampla, panorâmica que lhe permite, lá em cima, espreitar a presa aqui em baixo. Dificilmente uma presa escapa às suas fortes garras.

Todos os animais que tem olhos frontais são caçadores. 

A águia é uma caçadora e prefere alimentar-se de animais vivos - pequenos mamíferos, aves, cobras, peixes, insetos.
Não come nada em estado de decomposição nem tampouco bebe água suja.
As possantes asas lhe permitem um voo impetuoso, porém seguro e bem direcionado. É monógama. Só aceita um único macho durante toda a vida.

É livre. 
Vive em liberdade e não aceita cativeiro. Se for presa, não come, nem bebe.

Enfrenta a fúria das tempestades; dos ventos retira a força necessária para alçar voo aos picos mais elevados. É corajosa e destemida. Essa é uma característica própria da águia – ela não se intimida diante de uma tempestade: quanto mais forte o vendaval, mais alto ela sobe.
Aproveita os redemoinhos, as intempéries, porque gosta de estar acima das nuvens.
À medida que os filhotes vão crescendo ela vai retirando primeiro as penas, depois o capim, para que os espinhos criem certo desconforto e eles deixem o ninho e alcem voo.

E a galinha?

Galinha só olha para os lados e para baixo. Nunca para o alto. Toda sua expectativa está ligada ao chão.
Galinha tem asas, mas não alça voo; tem olhos, mas são deficientes por serem laterais e, por isso, ela não consegue fixar um alvo, então só olha para o chão; tem bico, mas não ataca. Tem pés, porém não é ligeira; tem garras, mas não se defende.

O destino da galinha é ser caça. Seu mundo se resume num quintal.

Quando adoece, a galinha fica de asas caídas, dependente de socorro. Ninguém jamais viu uma águia doente; quando debilitada, reúne todas as forças que tem para se refugiar no alto. Não fica por aí à espera de piedade. Autocomiseração não combina com a águia.
Galinha morre cabisbaixa.
A águia, quando pressente a proximidade da morte, empreende o último voo, solitário e sobe o mais alto que suas forças lhe permitem, para morrer voando e cai no deserto, em alto mar ou plena selva.

Fonte: Quem é você? Águia ou Galinha (Jorge Linhares - Editora Getsêmane)


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