Uma equipe de ecologistas americanos propôs-se
ao desafio de estudar o comportamento das águias.
Munidos de
uma filmadora com lentes de longo alcance de até 500 m, decidiram escalar as
montanhas do Colorado e acompanharam dali o processo de construção do
ninho de uma águia, num daqueles picos gelados, bem na encosta, no ponto
mais perigoso, inacessível.
A camada
externa era toda de espinhos; a segunda, gravetos sem espinhos,
peles de animais e capim. O interior era todo revestido de penas. Depois de
concluído, tinha dois metros de profundidade e três de diâmetro. Apesar da
neve cá fora, o ninho era todo quentinho, aconchegante, e totalmente protegido
do vento.
Os penhascos são os
locais preferidos das águias: constroem lá seu ninho e o conservam
por toda a vida. Se ele cai ou sofre depredação, a águia constrói outro no
mesmo lugar. De hábitos sedentários, possuem morada própria,
fixa, e não admitem intrusos no ninho.
As águias,
notáveis pelo seu tamanho e vigor, são as aves mais fortes que existem.
Devido à sua
imponência, ferocidade, valentia, nobreza, figuram nos emblemas e escudos das nações desde os
tempos da antiga Babilônia.
Os olhos
muito grandes e frontais os diferem das demais aves e lhes proporcionam uma
visão ampla, panorâmica que lhe permite, lá em cima, espreitar a presa aqui em
baixo. Dificilmente uma presa escapa às suas fortes garras.
Todos os
animais que tem olhos frontais são caçadores.
A águia é uma caçadora
e prefere alimentar-se de animais vivos - pequenos mamíferos,
aves, cobras, peixes, insetos.
Não come
nada em estado de decomposição nem tampouco bebe água suja.
As possantes
asas lhe permitem um voo impetuoso, porém seguro e bem direcionado. É monógama. Só aceita um único macho
durante toda a vida.
É livre.
Vive em liberdade e não aceita
cativeiro. Se for presa, não come, nem bebe.
Enfrenta a
fúria das tempestades; dos ventos retira a força necessária para alçar voo aos
picos mais elevados. É corajosa e destemida. Essa é uma
característica própria da águia – ela não se intimida diante de uma tempestade: quanto mais forte o vendaval, mais alto ela sobe.
Aproveita os redemoinhos, as intempéries, porque
gosta de estar acima das nuvens.
À medida que
os filhotes vão crescendo ela vai retirando primeiro as penas, depois o capim, para
que os espinhos criem certo desconforto e eles deixem o ninho e alcem voo.
E a galinha?
Galinha só olha para os lados e para baixo. Nunca para o alto. Toda sua expectativa está ligada ao chão.
Galinha tem asas, mas não alça voo; tem olhos, mas são deficientes por serem laterais e, por isso, ela não
consegue fixar um alvo, então só olha para o chão; tem bico, mas não ataca. Tem pés, porém não é ligeira; tem garras, mas não se defende.
O destino da galinha é ser caça. Seu mundo se resume num quintal.
Quando adoece, a galinha fica
de asas caídas, dependente de socorro. Ninguém jamais viu uma águia doente; quando debilitada, reúne todas as
forças que tem para se refugiar no alto. Não fica por aí à espera de piedade. Autocomiseração não combina com
a águia.
Galinha morre cabisbaixa.
A águia, quando pressente
a proximidade da morte, empreende o último voo, solitário e sobe o
mais alto que suas forças lhe permitem, para morrer voando e cai
no deserto,
em alto mar ou plena selva.
Fonte: Quem é você? Águia ou Galinha (Jorge Linhares - Editora Getsêmane)
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