domingo, 11 de dezembro de 2011

Consuma com responsabilidade

Consumidor deve planejar uso do cartão

Erica Martin
Do Diário do Grande ABC

Adiar o pagamento das compras, concentrar os gastos em uma única fatura e parcelar o valor da mercadoria são os principais benefícios do cartão de crédito. O meio de pagamento deve ser usado por 35% dos consumidores do Grande ABC na hora de fazer as compras de Natal. É o que mostrou a pesquisa Intenção de Compra - Natal 2011 divulgada pela Universidade Metodista, nesta semana. "O número não é preocupante. Até porque a tendência dos mecanismos do dinheiro de plástico é crescer, o problema é quanto desse pessoal irá pagar a fatura", comenta o professor de Economia e coordenador do levantamento Sandro Maskio.

A modalidade só perde para o dinheiro, que será usado por 39% dos compradores. Ainda de acordo com a pesquisa, os usuários do cartão de débito (21% dos consumidores da região) irão gastar mais (R$ 695,70) do que os compradores adeptos ao crédito, que devem desembolsar R$ 544. "Agora, a pessoas têm o dinheiro em mãos", explica o professor.
PLANEJAMENTO- Maskio lembra que o brasileiro ainda tem dificuldade para planejar os gastos com o plástico. "O consumidor acredita ter poder de compra maior do que a sua renda. E só enxerga o problema quando chega a fatura e ele decide pagar só parte da dívida", comenta o professor. E quem não consegue quitar o valor total da conta do plástico e decide pagar o mínimo arca com os juros mais elevados do mercado.
De acordo com a Associação Nacional dos Executivos de Finanças Administração e Contabilidade, em novembro a taxa do cartão de crédito, para pessoa física, foi de 10,69% e a do cheque especial, a segunda mais alta, 7,59%. O estrago é ainda maior quando o consumidor rola a dívida, por não conseguir quitar o saldo devedor. E, se tiver contas parceladas ou manter o uso do cartão, mesmo com dificuldade de pagá-lo, as próximas faturas continuarão chegando e o cliente ficará cada vez mais atolado em dívidas. Em 12 meses, conforme a Anefac, a taxa de juros dessa modalidade chega a 237,69%.
SEM SUSTOS- De acordo com a consultora financeira Elaine Toledo, o usuário precisa contabilizar a entrada e saída do dinheiro antes de usar o plástico. Primeiro, é essencial somar o salário que receberá em dezembro e o 13º, o valor de ambos deve ser líquido. Depois, o consumidor tem que separar o que será destinado ao pagamento das despesas essenciais, como alimentação, água e luz. Em terceiro lugar, deverá pagar as dívidas atrasadas, caso contrário, os juros vão corroer os ganhos. Em seguida, separar o dinheiro para pagar as contas sazonais, como os impostos, material escolar e uniforme, que chegam no início do ano. Se após contabilizar tudo, o consumidor descobrir que dos seus rendimentos vai sobrar algum dinheiro, aí então ele poderá fazer as compras de Natal.
"Mesmo sem recursos extras, o brasileiro que pagar as dívidas estará no lucro, até porque não começará o ano no vermelho", comenta Elaine. Ainda que o cartão de crédito possibilite pagar em até 40 dias, o plástico só poderá ser usado se o comprador tiver essa reserva. "Mas quem não tem disciplina só deve usufruir do crédito em caso de emergência. Se acabar o dinheiro e precisar de recurso para comprar remédio ou alimento, por exemplo", comenta Elaine.
Antes de adquirir os presentes, é ideal fazer a lista com os valores que irá gastar com cada item. "E, se na hora da compra extrapolar no gasto de um presente, alguém terá de ganhar algo mais barato", ensina a educadora financeira Silvia Alambert. Além disso, segundo ela, o consumidor deve evitar o parcelamento de longo prazo, o indicado é pagar em até quatro vezes.
Ao pagar à vista, o comprador deve barganhar o desconto, inclusive se decidir usar o cartão de débito. Quem conseguir pechinchar 5% de abatimento em oito produtos no valor de R$ 40, por exemplo, economiza R$ 16.
DIFICULDADES - Se tiver problemas financeiros para pagar a fatura do cartão de crédito o recomendado é adquirir empréstimo com taxa de juro mais barata, como o crédito pessoal, para quitar o saldo devedor. "E, claro, para não se enrolar outra vez, é impreterível não usar o cartão de crédito de novo", diz Elaine.

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